E o SENHOR lhe disse: Paz seja contigo; não tenhas medo, não morrerás.
Comentário de Keil e Delitzsch
(23-24)Mas o Senhor o consolou com as palavras: “Paz para ti; não temas; não morrerás”. Estas palavras não foram ditas pelo anjo quando ele desapareceu, mas foram dirigidas por Deus a Gideon, após o desaparecimento do anjo, por uma voz interior. Em agradecimento por esta garantia reconfortante, Gideon construiu um altar ao Senhor, que ele chamou de Jeová-shalom, “o Senhor é paz”. A intenção deste altar, que foi preservada “até hoje”, ou seja, até o momento em que o livro dos Juízes foi composto, está indicada no nome que lhe foi dado. Não era para servir como um lugar de sacrifício, mas para ser um memorial e uma testemunha da revelação de Deus que tinha sido feita a Gideão, e da prova que ele tinha recebido de que Jeová era paz, ou seja, não destruiria Israel na ira, mas sim pensamentos acalentados de paz. Pois a garantia de paz que Ele havia dado a Gideon, era também uma confirmação de Seu anúncio de que Gideon conquistaria os midianitas na força de Deus, e libertaria Israel de seus opressores.
A teofania aqui descrita assemelha-se até agora ao aparecimento do anjo do Senhor a Abrão no bosque de Mamre (Gênesis 18), que ele aparece na forma humana perfeita, vem como um viajante, e permite que o alimento seja posto diante dele; mas há esta diferença essencial entre os dois, que enquanto os três homens que vieram a Abraão pegaram a comida que lhes foi apresentada e a comeram – ou seja, se deixaram entreter hospitalmente por Abraão – o anjo do Senhor, no caso diante de nós, aceitou de fato a minchah que tinha sido preparada para ele, mas apenas como um sacrifício de Jeová que ele fez ascender em fogo. A razão desta diferença essencial se encontra no propósito diferente das duas teofanias. A Abraão o Senhor veio para selar aquela comunhão de graça na qual Ele havia entrado com ele através do pacto que Ele havia feito; mas no caso de Gideão Seu propósito era simplesmente confirmar a verdade de Sua promessa, que Jeová estaria com ele e enviaria libertação através dele para Seu povo, ou para mostrar que a pessoa que lhe havia aparecido era o Deus dos pais, que ainda podia livrar Seu povo do poder de seus inimigos, fazendo milagres como os pais haviam visto. Mas a aceitação da minchah preparada para Ele como um sacrifício que o próprio Senhor fez ser milagrosamente consumido pelo fogo, mostrou que o Senhor ainda aceitaria graciosamente as orações e sacrifícios de Israel, se eles apenas abandonassem a adoração dos ídolos mortos dos pagãos, e retornassem a Ele com sinceridade. (Compare com isto a teofania semelhante dos Juízes 13). [Keil e Delitzsch, aguardando revisão]
<Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – janeiro de 2021.