Mateus 5:3

Bem-aventurados são os humildes de espírito, porque deles é o Reino dos céus.

humildes de espírito (“pobres de espírito”, NVI). O espírito é o elemento imortal no homem; e sobretudo a parte moral da alma humana com a qual o homem é religioso e recebe e comunga com o Espírito Divino. Aquele cujo espírito o Evangelho encontra suprido e falsamente rico com algo mais do que o Evangelho, não pode receber o Evangelho. Se o espírito estiver cheio e satisfeito com alguma falsa religião, ou orgulho, ou bem terreno, ou moralismo, não tem espaço ou receptividade para o Evangelho, e nenhuma bênção de Cristo. Assim, o completo e auto-consciente pecador, moralmente pobre de fato e de espírito, tem muitas vezes mais probabilidade de receber o Evangelho do que aquele que tem algo que não é religião no lugar da religião. Bem-aventurado, portanto, aquele que tem um vazio receptivo, uma pobreza, real e sentida, para o Evangelho. [Whedon, 1874]

“Deus resiste aos soberbos, mas concede graça aos humildes.” (Tiago 4:6)

Comentário de A. T. Robertson 🔒

Bem-aventurados. Mais estritamente, “felizes”. A palavra acentua o estado interior real em vez da aparência externa como o outro a vê. A palavra ocorre nove vezes nesses versículos. Portanto, uma maneira de contar as bem-aventuranças é identificar nove. Outros as misturam para contar apenas sete ou oito, tornando os versículos 11 e 12 meras explicações do versículo 10. Ainda outros contam dez, tomando o versículo 12 como uma bem-aventurança distinta, a fim de ter as Dez Bem-aventuranças para corresponder aos Dez Mandamentos do Monte Sinai. Mas é difícil pensar que esse ponto estava na mente de Jesus ou do escritor. Lucas, de fato, tem apenas quatro (ou cinco) bem-aventuranças, mas acrescenta quatro desgraças que não estão em Mateus. A linguagem dos dois discursos varia um pouco, como era de se esperar. É possível que Jesus tivesse em mente a linguagem do Primeiro Salmo. Vários paralelos no ensino rabínico foram encontrados para algumas das frases usadas por Jesus, mas o ponto de vista de Jesus nas bem-aventuranças foi revolucionário para seus ouvintes. O que Jesus deixou de mencionar foi tão surpreendente quanto o que ele especificou. Ele passa por todos as externalidades e privilégios judaicos. Não é necessário ver diferentes classes de pessoas em cada bem-aventurança, nem nenhuma ordem lógica nelas. Elas recorrem ao instinto poético. O método aforístico de ensino aqui empregado é comum a Jesus. As bem-aventuranças descrevem a atitude espiritual interior daqueles que receberam o Reino em seus corações. Eles já são crentes. É importante notar que na discussão da retidão que se segue, Jesus pressupõe o novo coração, o que só por si torna possível chegar ao alto padrão ético aqui estabelecido.

os humildes de espírito. Lucas tem apenas “humildes”, mas a ausência de auto-suficiência leva à dependência de Deus.

porque. Cada uma das bem-aventuranças tem uma razão. A razão, até certo ponto, atenua o paradoxo.

deles é o Reino dos céus. Essa dependência espiritual de Deus é a prova de que alguém possui o reino dos céus em seu coração. Do contrário, ele não confiaria em Deus. O uso de reino aqui é pessoal e espiritual, não escatológico. [Robertson, 1907]

< Mateus 5:2 Mateus 5:4 >

Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – janeiro de 2021.