Naqueles dias, quando havia uma multidão muito grande, e não tinham o que comer, Jesus chamou os seus discípulos a si, e disse-lhes:
Comentário de Stewart Salmond
(1-10) A ALIMENTAÇÃO DOS QUATRO MIL: cf. Mateus 15:32-39. Em contraste com a narrativa quádrupla do milagre anterior de alimentação, neste caso temos apenas o registro duplo. Surge a questão se essa narrativa é apenas outra forma daquela dos Cinco Mil ou o relato de um acontecimento distinto. Alguns defendem que as narrativas em Mateus e Marcos são simplesmente relatos duplicados, com algumas diferenças naturais nos detalhes, de um mesmo evento. Outros acreditam que houve dois incidentes distintos de alimentação miraculosa, muito semelhantes em caráter, mas que, na tradição primitiva, os relatos desses eventos acabaram se assemelhando em parte. As principais razões em defesa da teoria de duplicação são as semelhanças gerais entre os relatos, a dificuldade sentida pelos discípulos (viii.4) e o fato de eles não demonstrarem lembrança de um feito anterior do mesmo tipo. Mas há considerações mais fortes do outro lado. Há, por exemplo, vários pontos de diferença entre as duas narrativas. O número de alimentados em um caso é 5.000, no outro 4.000. Em um caso temos cinco pães e dois peixes, no outro sete pães e alguns peixes. Em um caso, doze cestos foram enchidos com os pedaços que sobraram; no outro, sete. O tipo específico de cesto mencionado também é diferente nas duas narrativas. No caso dos Cinco Mil, trata-se de um cesto de vime pequeno; no caso dos Quatro Mil, é um cesto grande de corda. Além disso, em um, o povo envolvido são habitantes das vilas costeiras do norte; no outro, são pessoas da Decápolis e do lado oriental. No caso dos Cinco Mil, as pessoas foram entusiastas e teriam feito de Jesus um rei (João 6:15), mas no caso dos Quatro Mil não se diz nada sobre tal agitação. Pode-se dizer também que, como as obras de Jesus foram feitas para aliviar males e necessidades humanas, e como esses males e necessidades o encontravam sob as mesmas formas em ocasiões diferentes, não haveria motivo para que o mesmo milagre não pudesse ocorrer mais de uma vez. Aqui também Jesus estava entre um povo diferente, e um povo com uma nova atitude mental em relação a Ele. O evangelista diz simplesmente e claramente que havia “outra vez uma grande multidão, e não tinham o que comer”. Por que não aceitaríamos essa declaração? [Salmond, ⚠️ comentário aguardando revisão]
<Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – janeiro de 2021.