Apocalipse 20:6

Bendito e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes a segunda morte não tem poder; mas sim, eles serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e com ele reinarão por mil anos.

Comentário de Plummer, Randell e Bott

As primeiras palavras do versículo descrevem o estado dos que têm parte na ressurreição espiritual com Cristo (veja o vers. 5). A segunda cláusula dá ao cristão oprimido a razão culminante para paciência e perseverança. A “segunda morte” é a morte espiritual do lago de fogo (vers. 14). Sacerdotes de Deus, etc. (compare Apocalipse 1:6; 5:10). Mil anos; em completa e eterna segurança (veja o vers. 2 e segs.). Podemos aqui indicar brevemente algumas das outras interpretações dadas a este reinar dos santos por mil anos, ou, como se diz geralmente, ao milênio.

(1) A interpretação literal de um futuro reinado na terra de Cristo com seus santos por mil anos. Segundo essa visão, haverá uma primeira ressurreição dos mortos (dos santos apenas, ou de todos), depois o período de mil anos, durante o qual Satanás estará preso e os santos reinarão; então, por fim, o castigo último de Satanás — o lançar no lago de fogo. Alguns limitam o local deste reinado a um ponto específico da terra (por ex., Jerusalém), além do qual vivem os ímpios. Objeções:

(a) Entre seus defensores, quase cada detalhe é motivo de disputa. Uns colocam o milênio no futuro, outros no passado. Dentre estes últimos, alguns o especificam como os primeiros mil anos da era cristã; outros, mil anos a partir de Constantino. “A duração do período, o número e a classe de crentes que participarão de sua glória, a condição em que viverão, a obra em que se ocuparão, a relação em que o Redentor exaltado estará para com eles”, tudo é objeto de discordância.

(b) A natureza carnal de tal ressurreição contraria o ensino geral da Bíblia e é diferente da natureza espiritual que o próprio Senhor assumiu após sua ressurreição.

(c) Se os santos recebem corpo glorificado para esse período, é impossível concebê-los vivendo no mundo em seu estado presente, e grande parte dele habitado por ímpios.

(d) É impossível conceber satisfatoriamente que relações poderiam existir, nesse caso, entre santos e ímpios. Se Satanás está preso nesse período de modo a não mais enganar as nações, de onde viria o mal existente na porção ímpia do mundo?

(e) Não há outro exemplo de uso literal de números em todo o Apocalipse.

(f) O ensino bíblico em outros lugares não apenas falha, negativamente, em sustentar essa visão, como positivamente se opõe a ela, em pontos como a continuidade do mal após a segunda vinda de Cristo; a existência de um intervalo entre sua vinda e o juízo, em lugar de uma vinda repentina para o juízo (compare João 6:40: “Eu o ressuscitarei no último dia”).

(2) A interpretação espiritual, que toma os mil anos como expressivos de toda a era cristã. Isto parece, em certa medida, verdadeiro, visto que o que os mil anos significam produz efeito durante esse tempo no reinar dos santos. Mas parece impreciso, pois faz dos mil anos símbolo de duração, em vez de qualidade aplicada a uma ação. O que se quer dizer não é que Cristo amarrou Satanás durante o período da era cristã (embora, como vimos, haja um sentido em que ele está assim amarrado quanto aos crentes), pois, ao contrário, ele anda em derredor como leão que ruge; e sim que Cristo o amarrou e o derrotou completamente para todos os cristãos por sua obra redentora. [Plummer, Randell e Bott, ⚠️ comentário aguardando revisão]

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Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – janeiro de 2021.