Mateus 18:15

Porém, se teu irmão pecar contra ti, vai repreendê-lo entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste o teu irmão.

Comentário do Púlpito

Até agora o discurso advertia contra ofender os novos e fracos; agora ensina como se comportar quando a ofensa é dirigida contra si mesmo.

Porém, se teu irmão pecar. O irmão é um irmão na fé, um companheiro cristão. As palavras “contra ti” são omitidas nos manuscritos do Sinai e do Vaticano, e por alguns editores modernos, com o fundamento de que é uma nota derivada da pergunta de Pedro (Mateus 18,21). As palavras são mantidas pela Vulgata e por outras altas autoridades. Sem elas, a passagem se torna de natureza geral, aplicando-se a todas as ofensas. Retendo-as, encontramos uma direção de como tratar aquele que oferece ofensas pessoais a nós mesmos – o que parece se adequar melhor ao contexto. No caso de disputas privadas entre cristãos individuais, com vistas à reconciliação, há quatro passos a serem dados. Em primeiro lugar, a contestação privada:

vai. Não espere que ele venha até você; faça você mesmo os primeiros avanços. Este, como sendo o curso mais difícil, é expressamente recomendado a quem está aprendendo a lição de humildade.

vai repreendê-lo. Ponha claramente a falta diante dele, mostre-lhe como ele o enganou, e como ele ofendeu a Deus. Isto deve ser feito em particular, gentilmente, misericordiosamente. Tal tratamento pode ganhar o coração, enquanto a repreensão pública, a denúncia aberta, pode apenas incendiar e endurecer. Claramente, o Senhor contempla principalmente as brigas entre cristãos individuais; embora, de fato, o conselho aqui e na sequência seja aplicável a uma esfera mais ampla e a ocasiões mais importantes.

ganhaste o teu irmão. Se ele for culpado e pedir perdão, tu o ganhaste para Deus e para ti mesmo. Uma contenda é uma perda para ambas as partes; uma reconciliação é um ganho para ambas. O verbo “ganhar” (κερδαιìνω) é usado em outro lugar neste sentido elevado (ver 1Coríntios 9:19; 1Pedro 3:1). [Pulpit]

Comentário Ellicott 🔒

se teu irmão pecar. Uma dupla linha de pensamento é rastreável no que se segue. (1.) A presença de “ofensas” implica em pecado, e surge a questão de como cada homem deve lidar com aqueles pecados que afetam a si mesmo pessoalmente. (2.) A disputa na qual o ensinamento registrado neste capítulo teve origem implicou que a unidade da sociedade que então era representada pelos Doze, havia sido quebrada por algum tempo. Cada um dos discípulos se achava, em certo sentido, prejudicado por outros. Palavras afiadas, talvez, tinham sido ditas entre eles, e a ruptura tinha que ser curada.

vai repreendê-lo. O grego é um pouco mais forte, condena-o por sua culpa, pressiona-o de tal forma que chega a sua razão e sua consciência. Palavras iradas, proferidas na presença de outros, fracassariam nesse resultado. É significativo que a substância do preceito seja retirada da passagem em Levítico (Levítico 19:17-18) que termina com “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”.

ganhaste o teu irmão. As palavras em parte derivam sua força do uso sutil de uma palavra em um sentido que os homens associam comumente com outro. O “ganho” de algum tipo, destinado a, ou indevidamente retido, era comumente a origem de disputas e litígios. Um homem esperava obter algum ganho com o recurso à lei. Da maneira mais excelente que nosso Senhor aponta, ele sacrificaria o ganho menor, alcançaria o maior e ganharia para Deus (veja 1Co. 9:19, 1Pe. 3:1, para este aspecto da palavra) e para si mesmo o irmão com quem ele tinha estado em desacordo. [Ellicott]

< Mateus 18:14 Mateus 18:16 >

Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – janeiro de 2021.