Eli foi um descendente de Itamar, o quarto filho de Arão, que exerceu o ofício de sumo sacerdote em Siló na época do nascimento de Samuel. Pela primeira vez em Israel, Eli reuniu em si as funções de sumo sacerdote e juiz, tendo julgado Israel por 40 anos (1Samuel 4:18). Os episódios da vida de Eli são poucos; de fato, o foco principal da narrativa está nos outros personagens associados a ele. O interesse central recai sobre Samuel. No primeiro encontro de Eli com Ana (1Samuel 1:12 e seguintes), ela é a figura central; no segundo encontro (1Samuel 1:24 e seguintes), o destaque é o menino Samuel. Quando Eli volta a aparecer, é como pai de Hofni e Fineias, cujas vidas indignas e devassas profanaram o ofício sacerdotal e lhes renderam o título de “filhos de Belial” (ou “homens indignos”).
Eli não aplicou nenhuma repreensão severa a seus filhos, apenas uma admoestação branda quanto à ganância e imoralidade deles. Depois disso, foi advertido por um profeta anônimo sobre a queda de sua casa e a morte de seus dois filhos num mesmo dia (1Samuel 2:27-36) — mensagem posteriormente confirmada por Samuel, que a recebeu diretamente de Yahweh (1Samuel 3:11 e seguintes). A profecia não demorou a se cumprir. Durante a próxima invasão filisteia, os israelitas foram completamente derrotados, a arca de Deus foi capturada e Hofni e Fineias foram mortos. Quando a notícia chegou a Eli, ele ficou tão abalado que “caiu da cadeira para trás, junto ao portão; quebrou o pescoço e morreu” (1Samuel 4:18).
O caráter de Eli, embora sincero e devoto, parece carecer completamente de firmeza. A história o mostra como um homem bom, cheio de humildade e gentileza, mas fraco e indulgente. Sua personalidade não é forte; ele é sempre ofuscado por alguma figura mais marcante ou interessante. [A. C. Grant, Orr, 1915]