Penhor

A palavra penhor (grego arrabṓn) aparece três vezes no Novo Testamento: 2Coríntios 1:22; 2Coríntios 5:5 (“penhor do Espírito”); Efésios 1:14 (“penhor da nossa herança”).

O termo significa “garantia”, “sinal de segurança”, ou “parte do pagamento antecipado”, e tem origem em um antigo costume hebraico ligado à transferência de propriedades. O equivalente hebraico é עֵרָבוֹן (ʿêrāvôn), como em Genesis 38:17-18, 20, onde Judá entrega a Tamar seu selo e cajado como garantia de que pagaria o combinado.

Provavelmente, o termo chegou ao grego por meio de comerciantes fenícios. No latim, aparece nas formas arrhabo, arrabo e arrha, sendo mantido em línguas derivadas como o francês (arrhes) e o espanhol (arras). No escocês, a palavra “arles” designava a moeda dada por um patrão a um empregado como sinal do contrato — similar à antiga expressão inglesa earlespenny.

A palavra não indica apenas uma promessa, mas uma parte concreta da posse. Na antiguidade, era comum o vendedor entregar ao comprador um punhado de terra ou parte do telhado da casa como símbolo de que a propriedade toda seria transferida futuramente.

Na Bíblia, essa ideia aparece em Gênesis 24:22 e 24:53: os brincos e pulseiras dados por Eliezer a Rebeca eram um sinal da riqueza de seu senhor e da boa condição que a aguardava. No Novo Testamento, o Espírito Santo é apresentado como o penhor da herança dos crentes:

  • Em 2Coríntios 1:22 e 5:5, o “penhor do Espírito” é o próprio Espírito, dado como garantia;
  • Em Efésios 1:14, Ele é descrito como o primeiro sinal e antecipação da herança eterna.

Assim, o Espírito é tanto a garantia quanto as primícias da vida futura que aguarda os filhos de Deus. [W. F. Boyd, Orr, 1915]