E foram vistas por eles línguas repartidas como que de fogo, e se pôs sobre cada um deles.
E foram vistas por eles línguas repartidas como que de fogo – “diamerizomenai gloossai” – ‘línguas separadas’ semelhantes a chamas, saindo de um centro comum ou fonte e repousando sobre cada um que estava no ambiente. Mesmo nos poetas pagãos (como foi notado), o aparecimento de fogo sobre a cabeça denota favor divino (Ovidio, ‘Fasti’; Virgílio, ‘Eneida’). Sob a antiga dispensação, a descida do fogo do céu sobre os sacrifícios era o símbolo designado e reconhecido da presença e favor divinos (Gênesis 15:17; Levítico 9:24; 1Reis 18:38; Êxodo 19:18).
Teólogos como Neander descreveram toda essa cena como puramente interna. “A glória (disse Neader) da vida interior então comunicada a eles poderia refletir seu esplendor nos objetos circundantes, que em virtude do milagre interno — a elevação de sua vida interior e consciência através do poder do Espírito Divino — os objetos de percepção externa pareciam bastante alterados. E assim não é improvável que tudo o que se apresentasse a eles como uma percepção dos sentidos externos pudesse, de fato, ser apenas uma percepção do estado mental interno predominante — uma objetividade sensível do que estava operando interiormente com poder divino — semelhante a as visões extáticas que são mencionadas em outros lugares nas Sagradas Escrituras”. Tais explicações não só servem para abalar a credibilidade da própria narrativa como um fragmento lúcido da história, mas encorajam um espírito venenoso de ceticismo em relação a tudo o que é sobrenatural na Bíblia. [JFU
<Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – janeiro de 2021.