Deuteronômio 11:11

A terra à qual passais para possuí-la é terra de montes e de planícies; da chuva do céu ela bebe as águas;

Comentário de Keil e Delitzsch

(8-11) E este conhecimento foi para impeli-los a cumprir a lei, para que fossem fortes, ou seja, espiritualmente fortes (Deuteronômio 1:38), e não só entrassem na terra prometida, mas também vivessem nela por muito tempo (compare com Deuteronômio 4:26; Deuteronômio 6:3). – Em Deuteronomio 11:10-12, Moisés acrescenta um novo motivo para sua admoestação para manter a lei com fidelidade, fundada sobre a natureza peculiar da terra. Canaã era uma terra cuja fertilidade não dependia, como a do Egito, de ser regada pela mão do homem, mas era mantida para cima pela chuva do céu que era enviada por Deus, o Senhor, de modo que dependia inteiramente do Senhor quanto tempo seus habitantes deveriam viver nela. O Egito é descrito por Moisés como uma terra que Israel semeou com semente, e regou com seu pé como um jardim de ervas. No Egito quase não há chuva (compare com Herodes. ii. 4, Diod. Sic. i. 41, e outras evidências no Egito de Hengstenberg e nos Livros de Moisés, pp. 217ff.). A irrigação da terra, que produz sua fertilidade, depende do transbordamento anual do Nilo e, como isto dura apenas cerca de 100 dias, da forma como isto é disponibilizado durante todo o ano, ou seja, pela construção de canais e lagoas em toda a terra, para a qual a água é conduzida a partir do Nilo, forçando máquinas, ou transportando-a de fato em embarcações até os campos e plantações.

(Nota: Sobre os monumentos antigos encontramos não somente o poço de água com a longa corda, que agora é chamado Shaduf, representado de várias maneiras (ver Wilkinson, i. p. 35, ii. 4); mas em Beni-Hassan há uma representação de dois homens carregando um recipiente de água sobre um poste em seus ombros, que eles enchem de um poço de água ou lago, e depois levam para o campo (compare com Hengstenberg, Egito e os Livros de Moisés, pp. 220-1).

A expressão “com o pé”, provavelmente se refere às grandes rodas de bombeamento ainda em uso ali, que são trabalhadas pelos pés, e sobre as quais passa uma longa corda interminável com baldes acoplados, para o desenho da água (compare com Niebuhr, Reise, i. 149), cuja identidade com o ἕλιξ descrito por Philo como ὑδρηλὸν ὄργανον (de confus. ling. i. 410) não pode ser posta em questão; desde que, isto é, não confundamos este ἕλιξ com o parafuso de água arquimédico mencionado por Diod. Sic. i. 34, e descrito mais minuciosamente no v. 37, cuja construção foi totalmente diferente (ver minha Arqueologia, ii. pp. 111-2). – Os egípcios, como verdadeiros pagãos, estavam tão profundamente conscientes desta característica peculiar de sua terra, que tornava sua fertilidade muito mais dependente do trabalho das mãos humanas do que da chuva do céu ou da providência divina, que Heródoto (ii. 13) os representa como dizendo: “Os gregos, com sua dependência dos deuses, podem se decepcionar com suas esperanças mais brilhantes e sofrer terrivelmente com a fome”. A terra de Canaã não deu nenhum apoio a essa auto-exaltação sem Deus, pois era “uma terra de montanhas e vales, e bebeu água da chuva do céu” (ל antes de מטר, para denotar a causa externa; ver Ewald, 217, d.); isto é, recebeu sua rega, a condição principal de toda a fertilidade, da chuva, pela via da chuva, e portanto através do cuidado providencial de Deus. [Keil e Delitzsch, aguardando revisão]

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Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – janeiro de 2021.