Ester 1:2

Que naqueles dias, quando o rei Assuero se sentou sobre o trono de seu reino, na fortaleza de Susã,

Comentário de A. W. Streane

fortaleza de Susã. Ecbátana, Babilônia, Persépolis e Susã foram todas localidades onde a corte persa permanecia por períodos mais longos ou curtos. A “fortaleza de Susã”, que deve ser distinguida de “Cidade de Susã” (Ester 9:13-15), foi construída por Dario, pai de Xerxes, seguindo o mesmo projeto do palácio em Persépolis. A cidade de Susã era cortada em duas por um largo rio antigamente chamado de Choaspes. As áreas populosas na margem direita são agora marcadas por ondulações quase imperceptíveis da planície; à esquerda, a cidade real, a cidadela e o palácio. “Três grandes montes, formando uma massa rômbica, com 4500 pés de comprimento de norte a sul e 3000 pés de largura de leste a oeste, são testemunhas da grandeza e magnificência dos edifícios que formavam a antiga cidadela ou acrópole” (Driver).

Dieulafoy, um arquiteto e engenheiro francês, em 1884-6 realizou importantes escavações em Susã e trouxe à luz muitas características interessantes, recuperando o esquema da cidadela e extensos restos dos edifícios que a compunham. “Artaxerxes, em uma inscrição encontrada em uma das colunas, diz: ‘Meu ancestral Dario construiu esta Apadâna nos tempos antigos. No reinado de Artaxerxes, meu avô, foi consumida pelo fogo. Pela graça de Ahuramazda, Anaïtis e Mitra, eu restaurei esta Apadâna.’ Uma Apadâna era um grande salão ou sala do trono. A Apadâna de Susã ficava ao norte da Acrópole: formava um quadrado de cerca de 250 pés de cada lado. O telhado (que consistia em vigas e traves de cedro, trazidas do Líbano) era sustentado por 36 colunas em fileiras de seis; os lados e a parte de trás eram compostos por paredes de tijolos, cada uma perfurada por quatro portas; a frente do salão era aberta. As colunas eram hastes esguias de calcário, delicadamente caneladas e coroadas por capitais magnificamente esculpidos. Na frente do salão, de cada lado, havia um pilar ou colunata, com um friso no topo de 12 pés de altura, formado por tijolos lindamente esmaltados, um decorado com uma procissão de leões, o outro com uma procissão de ‘Imortais’, os guarda-costas dos reis persas. Um jardim cercava a Apadâna, e na frente dela, ao sul, havia uma grande praça para manobras militares, etc. Adjacente a ela, ao leste, estava um grande bloco de edifícios formando o harém real (a ‘casa das mulheres’ de Ester 2:3, etc.); ao sul disso estava o palácio real, com um pátio no centro (Ester 4:11; Ester 5:1). A acrópole inteira cobria uma área de 300 acres.” [Streane, 1907]

Comentário de Robert Jamieson 🔒

quando o rei Assuero se sentou sobre o trono de seu reino – ou seja, no terceiro ano do seu reinado.

na fortaleza de Susã um lírio (‘Moroea Sisyrynchium, Ker. Iris Sisyrynchium’ (Linn.)]. Por algumas pessoas, supõe-se que a extraordinária abundância dessa flor nas proximidades tenha dado o nome de Susã, a Cidade, a esse local. Loftus, assim como Ateneu e Estêvão de Bizâncio, conforme citado por Bochart (‘Geografia Sagrada’, parte 2; Kinneir, ‘Memória sobre o Império Persa’, p. 98), dizem que ‘Shus, no Pehlevi, significa “agradável”‘. Susã, Sus ou Shush, a capital de Susiana e de toda a Pérsia, a residência de inverno favorita dos reis persas.

Tentou-se provar que havia duas cidades com esse nome na província de Susiana – uma, a Susã das Escrituras, nas montanhas de Bakhtigali; a outra, a Susa dos gregos. Supunha-se que a expressão bíblica, “cidadela de Susã” (cf. Daniel 8:1-2, NAA), indicava uma distinção de alguma outra cidade com o mesmo nome (‘Journal of the Geographical Society’, vol. 9:, p. 85), mas o raciocínio se baseava em fundamentos falaciosos. Que Susã e Susa são uma e a mesma cidade aprendemos do acordo de Josefo com as Escrituras (Ester 2:3; Ester 2:8; Ester 3:15; Neemias 1:1; Loftus, ‘Caldeia e Susiana’, p. 338).

na fortaleza de Susã – em Susã, a fortaleza da cidadela. Em Susã havia um edifício notável, cuja construção Josefo atribui a Daniel (Daniel 8:27: cf. ‘Antiguidades’, livro 10:, cap. 11:, sec. 7), distinto por sua vastidão, arquitetura elaborada e frescor – devido, como diz Reland, à dureza da pedra – que foi, como as Pirâmides do Egito, usada como mausoléu para os reis persas e partas, e cuja custódia foi confiada pelo testamento do fundador a um governador judeu. O historiador judeu coloca essa torre, como o texto atual de sua história lê, em Ecbatana na Média; mas Jerônimo, que professa citá-lo textualmente das cópias em uso no quarto século, coloca-o (‘Comentário’ sobre Daniel 8:2) em Susã, na Pérsia. Josefo chama a torre de Baris (cf. ‘Antiguidades’, livro 15:, cap. iii.), quase idêntica ao original hebraico que traduzimos como “fortaleza de Susã” (ver também, Loftus, ‘Caldeia e Susiana’, p. 338; ‘Viagens’ de Ker Porter, 2:, pp. 411-414). [Jamieson]

< Ester 1:1 Ester 1:3 >

Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – janeiro de 2021.