E eu fui até o anjo, dizendo-lhe: Dá-me o livrinho. E ele me disse: Toma-o, e come-o; e fará amargo o teu ventre, mas em tua boca será doce como mel.
Comentário de Plummer, Randell e Bott
E eu fui até o anjo, dizendo-lhe: ‘Dá-me o livrinho’. Alford entende que o vidente vai de sua posição no céu até o anjo na terra. Mas provavelmente ele já está, em sua visão, na terra (veja o versículo 1).
E ele me disse: ‘Toma-o, e come-o. Esta parte da visão é baseada em Ezequiel 2:9–3:3. O ato certamente tem o propósito de transmitir a ideia de que o vidente deve receber cuidadosamente, digerir completamente, por assim dizer, sua mensagem, para transmiti-la fielmente. Assim, em Ezequiel 3:10 o profeta é instruído: “Todas as minhas palavras que te falar, recebe-as em teu coração, e ouve-as com os teus ouvidos. E vai, dirige-te aos do cativeiro, aos filhos do teu povo, e fala-lhes,” etc.
e fará amargo o teu ventre, mas em tua boca será doce como mel; compare com a visão de Ezequiel 2:9–3, onde inicialmente só a doçura é mencionada; mas a amargura é sugerida mais tarde em Ezequiel 3:14. A doçura expressa o prazer e a prontidão com que João recebe sua missão; a amargura simboliza a tristeza que o toma quando ele compreende plenamente a natureza de sua mensagem. O prazer ao receber as ordens do anjo pode vir da alegria ao pensar que a derrota final dos ímpios é a libertação final dos santos; ou pode ser que ele se sinta honrado por ser escolhido como portador da mensagem de Deus. Compare a prontidão de Isaías 6:8 para cumprir uma missão semelhante e seu temor e hesitação posteriores (Isaías 7:4). A amargura do vidente vem quando ele percebe o caráter terrível do juízo que deve anunciar (compare Jeremias 8:21: “Estou ferido pelo ferimento da filha do meu povo”). Diversas outras explicações, mais ou menos alegóricas, foram sugeridas. Assim, Andreas explica que a primeira doçura do pecado depois se converte em amargura. Orígenes, citado no ‘Speaker’s Commentary’, diz: “Muito doce é este livro das Escrituras ao ser percebido pela primeira vez, mas amargo para a consciência interior.” Maurice supõe que a alegria de João vem da expectativa de que o livro anunciará a queda do grande império da Babilônia do mundo, e sua decepção vem quando ele descobre que prediz a queda de Jerusalém. Beda explica que a amargura no ventre indica a recepção pelo vidente, mas a doçura na boca é a declaração para os outros. [Plummer, Randell e Bott, 1909]
<Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – janeiro de 2021.