Apocalipse 3:20

Eis que eu estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei até ele, e cearei com ele, e ele comigo.

Comentário de Plummer, Randell e Bott

Eis que estou à porta e bato — ou melhor, “Eis que tenho estado (ἕστηκα) à porta e estou batendo (κρούω)”. “Estas palavras graciosas declaram a longanimidade de Cristo, enquanto Ele espera pela conversão dos pecadores (1Pedro 3:20); e não apenas a paciência que espera, mas o amor que busca realizar essa conversão, que ‘bate à porta’. Aquele à cuja porta nós deveríamos estar — pois Ele é a Porta (João 10:7), e como tal nos mandou bater (Mateus 7:7; Lucas 11:9) — se contenta em inverter toda a relação entre Ele e nós, e, em vez de estarmos à porta dEle, ele condescende em estar à nossa” (Trench). A interpretação de que “estar à porta” significa “vir rapidamente” (Dusterdieck), como em Apocalipse 2:5, 2:16; 3:3, 3:11, dificilmente se harmoniza com o contexto, pois toda a passagem muda de repreensão e ameaça para súplica paciente e exortação amorosa. Essas palavras nos fazem lembrar do uso frequente que o Senhor faz dessa figura de bater à porta, especialmente em Lucas 12:35–36: “Estejam cingidos os vossos lombos, e acesas as vossas candeias; e sede vós semelhantes a homens que esperam o seu senhor, quando houver de voltar das bodas, para que, quando vier e bater, logo lhe abram.”

se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei até ele, e cearei com ele, e ele comigo (ver o paralelo em Cantares 5:1–16). Cristo bate e fala. Faz-se aqui uma distinção na obra da conversão, correspondente a essas duas ações: o bater é comparado aos chamados mais exteriores — como doenças, aflições etc. — pelos quais Ele manifesta sua presença; enquanto a voz, que interpreta a batida e nos revela quem está à porta, é a voz do Espírito Santo, que nos fala e explica o sentido das nossas provações. A vontade livre do ser humano está aqui claramente apresentada. Embora a abertura da porta, para ser eficaz, precise da ajuda e presença de Cristo, Ele não força a entrada; continua sendo possível ao homem ignorar a batida, recusar ouvir a voz, manter a porta bem fechada. Ceiar com alguém era, culturalmente, sinal de amor fraternal e reconciliação. Cristo ceiará com os que não o rejeitarem, e eles ceiarão com Ele. Toda essa figura representa a natureza completa da reconciliação do pecador com Deus e a maravilhosa bondade e condescendência de Cristo. Mas também se pode perceber aqui uma alusão à Santa Ceia, pela qual somos reconciliados com Deus em Cristo, e por meio da qual já podemos experimentar um antegosto da ceia final do Cordeiro, que durará para sempre. [Plummer, Randell e Bott, 1909]

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Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – janeiro de 2021.