Armagedom (do hebraico Har-Megiddo ↗, “Monte de Megido”) é um nome que aparece apenas em Apocalipse 16:16. Ele é descrito como o local de reunião dos reis de todo o mundo que, guiados pelos espíritos imundos que saem da boca do dragão, da besta e do falso profeta, se ajuntam ali para “a batalha do grande dia do Deus Todo-Poderoso”.
Várias explicações já foram sugeridas; mas, como diz Nestle (Hastings Dictionary of Bible), “no geral, a interpretação mais provável continua sendo a que vê aqui uma alusão a Megido”. Na história de Israel, esse lugar foi cenário de batalhas inesquecíveis. Foi lá que ocorreu o confronto fatal entre o rei Josias e Faraó Neco (2Reis 23:29; 2Crônicas 35:22). Muito antes disso, as forças de Israel já haviam conquistado uma vitória marcante sobre Sísera e seu exército (Juízes 5:19).
Essas colinas baixas ao redor de Megido, com vista para o vale de Esdrelom, talvez tenham testemunhado mais combates sangrentos do que qualquer outra área de tamanho semelhante no mundo. Por isso, havia uma certa adequação simbólica em escolher esse lugar como a arena do último grande confronto entre os poderes do bem e do mal.
A escolha da colina como campo de batalha já foi criticada, pois ela é menos adequada para operações militares do que uma planície. Mas a lembrança de Gilboa, Tabor e das regiões montanhosas além do Jordão poderia fazer os críticos se lembrarem de que Israel estava acostumado a lutar em montanhas. A própria cidade de Megido era situada numa colina, e a região era em parte montanhosa (compare com o Monte Tabor em Juízes 4:6; 4:12; e “os altos do campo”, em Juízes 5:18).
É importante recordar que estamos diante de uma visão apocalíptica. Armagedom pode representar o campo de batalha simbólico, sem se referir a um local literal. Tentativas de alguns estudiosos de relacionar o nome com “o monte da congregação” de Isaías 14:13 (como fizeram Hommel, Genkel, entre outros), ou com a mitologia babilônica, não tiveram sucesso convincente.
Ewald (em Die Johannes-Schrift, II, 204) observou que as formas hebraicas de “Har-Magedon” e “a grande Roma” possuem o mesmo valor numérico — 304. As pessoas históricas aludidas na passagem, contudo, não são o foco aqui. [W. Ewing, Orr, 1915]