Desde então Pilatos procurava soltá-lo; mas os Judeus clamavam, dizendo: Se soltas a este, não és amigo de César; qualquer que se faz Rei, contradiz a César.
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Comentário de Brooke Westcott
A partir daí… – Ou seja, “por causa dessa resposta” (compare com João 6:66), e não simplesmente “depois disso”. A majestade calma das palavras de Jesus aumentou o temor de Pilatos. Agora, ele tentava ativamente libertar Jesus, enquanto antes apenas tentava persuadir os judeus a sugerirem essa libertação.
Os judeus – Esse termo destaca o contraste entre a identidade nacional deles e o argumento que usam. Pilatos havia recusado condenar Jesus com base apenas na lei judaica. Então, os líderes religiosos mudaram de estratégia, passando a agir como defensores leais do Império Romano, acusando Pilatos de negligência. Eles alegam que aceitar o título de “rei” era um ato de rebelião contra o imperador.
Essa mudança de abordagem é notável. Normalmente, um governador romano não hesitaria em aplicar uma sentença baseada na lei religiosa local. Mas os líderes judeus, percebendo possíveis falhas em seu próprio processo, preferiram enfatizar um crime político, que teria mais peso diante de Pilatos (compare com Mateus 27:1).
Gritaram – A leitura mais provável indica que eles gritaram em uma só voz (ἐκραύγασαν), diferente de uma multidão clamando repetidamente (ἐκραύγαζον, João 12:13). João destaca esse grito forte e decisivo em vários momentos (João 19:6, 15; 18:40).
Amigo de César – Essa expressão era frequentemente usada como título honorífico para governadores provinciais, mas aqui parece ter um sentido mais geral: “leal ao imperador”.
Todo aquele que se faz rei… – Significa que qualquer um que reivindicasse realeza sem autorização imperial desafiava o imperador e, portanto, era visto como rebelde. Compare com Romanos 10:21 e Isaías 65:2.
Note-se que as acusações dos judeus seguem uma progressão lógica:
- Primeiro, acusam Jesus genericamente de “fazer o mal”, mas Pilatos rejeita a acusação.
- Depois, alegam que Ele se intitula “Rei dos Judeus”, insinuando sedição, mas Pilatos não vê perigo nisso (João 18:33-39).
- Então, mudam para uma acusação religiosa com base na lei judaica, o que aumenta a hesitação de Pilatos (João 19:12).
- Finalmente, abandonam as acusações formais e apelam ao medo pessoal de Pilatos, pressionando-o a agir por interesse próprio. Dessa forma, conseguem seu objetivo (Atos 13:28; Lucas 23:24). [Westcott, aguardando revisão]
Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – janeiro de 2021.