E todo aquele que vive, e crê em mim, para sempre não morrerá. Crês nisto?
Comentário de Brooke Westcott
A verdade é apresentada em suas duas formas, como sugerido por Ressurreição e Vida. Alguns, como Lázaro, haviam crido e morrido; outros, como Marta, ainda viviam e criam. Sobre os primeiros, é dito que a morte terrena sob a qual haviam caído não é uma morte real: “Quem crê em mim, ainda que esteja morto (mesmo que morra), viverá” — continuará vivendo, viverá mesmo através dessa mudança, e não apenas retomará a vida em algum momento posterior. Sobre os segundos, é dito que a vida celestial nunca será interrompida: “Todo aquele que vive e crê em mim”, aquele que, nessa fé, compreendeu verdadeiramente o sentido da vida, “nunca morrerá”. Para quem está em Cristo, a morte não é o que parece ser. A inclusão do termo universal nesta sentença amplia a promessa.
O versículo aponta para mistérios que ocuparam os pensamentos de filósofos orientais e ocidentais, como demonstram os famosos versos de Eurípides: “Quem sabe se viver é realmente morrer, e a morte é considerada vida por aqueles que estão abaixo?” (‘Polyid.’ Fragmento 7; cf. ‘Phryx.’ Fragmento 14). Isso indica uma forma mais elevada de vida “corporativa”, como o apóstolo Paulo expressa pela frase “em Cristo” (Gálatas 2:20; Colossenses 3:4). Compare com João 17:3, nota.
Parte desse pensamento também aparece em um ditado do Talmud: “O que o homem deve fazer para viver? Que morra. O que o homem deve fazer para morrer? Que viva” (‘Tamid’, 32a). As últimas palavras de Eduardo, o Confessor, oferecem um paralelo mais próximo: “Não choreis”, disse ele, “não morrerei, mas viverei; e, ao deixar a terra dos moribundos, confio em ver as bênçãos do Senhor na terra dos vivos” (Richard de Cirencester, 2:292).
para sempre não morrerá — De acordo com o uso universal do apóstolo João, este deve ser o significado da frase original (οὐ μὴ … εἰς τὸν αἰῶνα), e não “não morrerá para sempre”. Veja João 4:14, João 8:51, João 8:52, João 10:28, João 13:8. [Westcott, 1882]
<Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – janeiro de 2021.