A Dispersão (ou diáspora) é o nome dados aos judeus que viviam fora do território de Israel e mantinham suas práticas religiosas e costumes entre os gentios. Eram conhecidos como Golah (aramaico Galutha’), o cativeiro — uma expressão que os descrevia em relação à sua própria terra; e como Diáspora, a Dispersão — uma expressão que os descrevia em relação às nações entre as quais estavam espalhados. Em uma ocasião notável, Jesus disse: “Vós me buscareis e não me achareis; e onde eu estou, vós não podeis vir”. Disseram então os judeus entre si: “Para onde irá este que não o acharemos? Irá, porventura, para a Dispersão entre os gregos, e ensinará os gregos?” (João 7:34-35).
Propósito da Dispersão
Em 2 Macabeus, certos sacerdotes de Jerusalém são descritos como orando a Deus: “Ajunta a nossa Dispersão, liberta os que estão cativos entre os gentios” (2 Macabeus 1:27; compare com 2 Esdras 2:7; Tiago 1:1; 1Pedro 1:1). A ideia da Dispersão como castigo pela desobediência do povo aparece com frequência nos profetas: Oséias (Oséias 9:3), Jeremias (Jeremias 8:3; 16:15 etc.), Ezequiel (Ezequiel 4:13) e Zacarias (Zacarias 10:9). Ela também é mencionada na Lei deuteronômica (Deuteronômio 28:25; 30:1). A concepção de que a Dispersão dos judeus seria para o benefício dos gentios aparece nas declarações de salmistas e profetas (Miqueias 5:7, etc.). Também aparece no livro apócrifo de Baruque, do século I d.C.: “Espalharei este povo entre os gentios, para que façam o bem aos gentios” (1:7).
A Dispersão como preparação para a vinda de Cristo
O povo judeu, assim amplamente distribuído pelo mundo romano com seu monoteísmo, suas Escrituras e suas esperanças messiânicas, contribuiu significativamente para preparar o caminho para o advento do Redentor, aquele que seria o cumprimento das promessas e esperanças de Israel. Foi por causa da influência singular e incomparável do judaísmo, e da difusão das visões proféticas de Israel entre as nações, que surgiu a expectativa generalizada — mencionada por Tácito, Suetônio e Josefo — de que da Judeia surgiria um Governante cujo domínio se estenderia sobre todos. Acredita-se hoje que a concepção de Virgílio sobre uma Era Melhor, inaugurada pelo nascimento de uma criança, tenha sido derivada das profecias de Isaías. E não apenas a Dispersão judaica preparou o caminho para o Redentor do mundo, no tempo oportuno, mas, depois de sua vinda, sofrimento, morte, ressurreição e ascensão, ela serviu como uma valiosa aliada na proclamação do evangelho. Por onde quer que os apóstolos e os primeiros pregadores levassem as boas novas, encontravam comunidades judaicas às quais primeiro anunciavam a grande salvação.
A Dispersão como auxiliar da propagação do Evangelho
Os serviços realizados nas sinagogas se mostraram extremamente apropriados ao ministério de Paulo e de seus companheiros, e era à sinagoga que se dirigiam primeiro em cada cidade que visitavam. Ainda hoje, a preservação dos “dispersos de Israel” é um dos grandes sinais do governo divino sobre o mundo, confirmando a veracidade da palavra de Deus por meio de um dos primeiros profetas: “Porque eis que darei ordens e sacudirei a casa de Israel entre todas as nações, assim como se sacode trigo na peneira, sem que um só grão caia na terra.” (Amós 9:9, NAA). [T. Nicol, Orr, 1915]
Literatura
Schurer, GJV4, III, 1 ff; Harnack, Expansion of Christianity, I, 1-40; Fairweather, Background of the Gospel and From the Exile to the Advent; Jewish Encyclopedia, article “Diaspora”; Sayce and Cowley, Aramaic Papyri Discovered at Assuan; Oestcrley and Box, Religion and Worship of the Synagogue.