Mas para não os ofendermos, vai ao mar, e lança o anzol. Toma o primeiro peixe que subir, e quando lhe abrir a boca, acharás uma moeda de quatro dracmas. Toma-a, e dá a eles por mim e por ti.
Comentário de J. A. Broadus
Mas para não os ofendermos (“para não escandalizá-los”, NVI). Isso significa evitar dar-lhes razões para contestar as reivindicações de Jesus ou recusarem-se a aceitá-lo. (Veja Mateus 5:29.) Eles poderiam dizer que Jesus não seguia a lei, não cumpria um dever reconhecido de todo israelita, e, portanto, não poderia ser o Messias.
vai ao mar. A preposição grega geralmente é traduzida como “para dentro de”, mas aqui indica a área representada pelo mar, incluindo suas margens. Não podemos interpretar aqui no sentido mais estrito, como seria expresso em inglês por “dentro do mar”, pois isso seria claramente inadequado para a ação que Pedro deveria realizar, ou seja, pescar um peixe com um anzol (veja João 11:38; João 20:1). Sempre que não for claramente inadequado à ação em questão, o sentido natural e comum de “para dentro” deve ser mantido (compare com Mateus 3:16). O “mar” mencionado é, naturalmente, o Lago da Galileia, onde Cafarnaum estava situada (Mateus 4:13).
o anzol. Anzóis são mencionados em outros lugares da Bíblia, como Isaías 19:8, Amós 4:2, Habacuque 1:15, Jó 41:1, etc. Pedro já tinha experiência de um milagre ao pescar (Lucas 5:4 e seguintes). Alguns comentaristas comparam essa história com a história do anel de Polícrates (Heródoto, III, 39-42).
acharás uma moeda (stater, uma moeda de prata ática), equivalente a quatro dracmas ou dois meio-siclos.
por mim e por ti, literalmente, “em lugar de mim e de ti”, refletindo o sentido original dessa contribuição como substituição (veja Êxodo 30:11-16).
Jesus nunca realizou milagres para benefício pessoal. Se ele tivesse conseguido o dinheiro de maneira comum, poderia ter obscurecido sua posição extraordinária como Messias. Mateus provavelmente registrou este incidente para mostrar aos leitores judeus que, por um lado, Jesus se sentia no direito de receber o respeito devido ao Messias, mas, por outro lado, era cuidadoso em cumprir a lei em todos os aspectos, de modo que nenhum judeu pudesse tropeçar nele. A disposição de nosso Senhor de renunciar a um direito legítimo para evitar que as pessoas tivessem uma desculpa para entendê-lo mal é um exemplo seguido por Paulo (1 Coríntios 9) e serve de modelo para todos nós como parte do exemplo de Cristo. [Broadus, 1886]
<Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – janeiro de 2021.