Apocalipse 2:7

Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer, eu lhe darei de comer da árvore da vida, que está no meio do paraíso de Deus.

Comentário de Plummer, Randell e Bott

Quem tem ouvidos, ouça. Essas conclusões solenes das cartas lembram o final de muitas parábolas de Jesus. É importante notar que, embora cada carta seja dirigida em cada casa a uma igreja, na figura do “anjo da igreja”, a exortação final e a promessa são sempre feitas ao cristão individual. Cada pessoa deve ouvir e responder por si mesma. A igreja à qual pertence pode até se perder, mas, se ele for vencedor, viverá. Sua igreja pode ser coroada com a vida eterna, mas, se ele for derrotado, perderá a recompensa.

o que o Espírito diz às igrejas — e não o que o Espírito diz à esta igreja.
O conteúdo de cada carta é para todos: para cada cristão individual, para a Igreja como um todo, e também para a igreja específica que está sendo abordada. A autoria da carta não é de João, que é apenas um instrumento, mas do Filho de Deus e do Espírito de Deus (Apocalipse 1:4). Nas três primeiras cartas, a exortação a ouvir vem antes da promessa ao vencedor; nas quatro últimas, ela vem depois da promessa e encerra a carta. Essa mudança de ordem é acidental ou intencional? Deveria haver um ponto final após “igrejas”. Na King James, parece que “o que o Espírito diz” se refere apenas à promessa da segunda parte do versículo. Esse erro foi evitado por Tyndale e Cranmer. Ele vem das versões de Genebra e Rheim. O verbo “vencer” ou “conquistar” (νικᾶν) é uma marca forte dos escritos de João. Ele aparece sete vezes no Evangelho e na Primeira Epístola, e dezesseis vezes no Apocalipse; fora isso, só ocorre em Lucas 11:22; Romanos 3:4 (citação do Salmo 51:6) e Romanos 12:21. Compare especialmente com Apocalipse 21:7, onde, assim como nessas cartas, não é especificado o que deve ser vencido. Podemos traduzir como “ao vencedor” ou “ao que conquista”.

A expressão “árvore da vida” vem, naturalmente, do Gênesis; ela aparece novamente em Apocalipse 22:2 e 22:14. Refere-se à árvore que dá a vida. Da mesma forma, temos a “água da vida” (Apocalipse 21:6) e o “pão da vida” (João 6:35). Em todos esses casos, a palavra “vida” no original é zoé (ζωή), o princípio vital que o ser humano compartilha com Deus, e não bios (βίος), que é a vida compartilhada com outros seres humanos. Esta última palavra aparece menos de uma dúzia de vezes no Novo Testamento; já zoé, que resume o sentido do Novo Testamento, aparece mais de cem vezes.

paraíso de Deus. A palavra “Paraíso” aparece apenas três vezes no Novo Testamento (Lucas 23:43; 2Coríntios 12:4; Apocalipse). É de origem persa e significava um jardim ou área de prazer. No Novo Testamento, parece referir-se ao lugar de descanso das almas dos santos após a morte. Há fortes evidências (manuscrito B, versões antigas, e autores como Cipriano e Orígenes) a favor da leitura “o Paraíso do meu Deus” (ver notas em Apocalipse 3:2 e 3:12). Ao considerar esse trecho, Gênesis 3:22 deve ser cuidadosamente comparado com João 6:51. “Ao que vencer”, a maldição que impediu Adão de acessar a árvore da vida será desfeita por Cristo. [Plummer, Randell e Bott, 1909]

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Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – janeiro de 2021.