Não estejais ansiosos por coisa alguma; mas em tudo, por meio de orações e súplicas com ações de gratidão, sejam os vossos pedidos conhecidos por Deus;
Comentário de A. R. Fausset
“Não andeis ansiosos” (Mateus 6:25). A ansiedade e a oração são opostos entre si como o fogo e a água (Bengel).
por meio de orações e súplicas – como cada caso requer (Alford). Oração por bênçãos; o termo geral. Súplica, para evitar o mal; um termo especial (ver Efésios 6:18).
ações de gratidão – por cada momento, seja de prosperidade ou de aflição (1Tessalonicenses 5:18; Tiago 5:13). Os filipenses talvez se lembrem do exemplo de Paulo em Filipos quando estava na prisão (Atos 16:25). A ação de graças dá profundidade à oração (2Crônicas 20:21), e liberta da ansiedade, ao fazer com que todos os tratos de Deus sejam importantes para o louvor, não meramente para a resignação, muito menos para a murmuração. A “paz” é a companheira da “ação de gratidão” (Filipenses 4:7; Colossenses 3:15).
sejam os vossos pedidos conhecidos por Deus – com confiança filial e sem reservas; não deixando de apresentar nada, por ser muito grande ou insignificante demais, diante de Deus. Assim como Jacó, ao ter medo de Esaú (Gênesis 32:9-12); Ezequias com medo de Senaqueribe (2Reis 19:14; Salmo 37:5). [JFU, 1866]
Comentário de H. C. G. Moule
Não estejais ansiosos por coisa alguma. Sobre a etimologia do verbo grego, e sobre o pensamento aqui, veja nota acima, Filipenses 2:20. Lá, a ação mental aqui acusada é elogiada; uma discrepância plenamente harmonizada por uma visão de condições diferentes. Aqui, os santos são ordenados a lidar com todas as circunstâncias difíceis da vida como aqueles que sabem e agem de acordo com o fato de que “o Senhor cuida de mim” (Salmo 40:17). Compare com Marcos 4:19; Lucas 8:14; Lucas 10:41; Lucas 21:34; 1Coríntios 7:32; 1Pedro 5:7.
em tudo. Um positivo com tudo incluído, para justificar o negativo com tudo incluído um pouco antes. Observe aqui, como tantas vezes, a tendência dos preceitos cristãos a uma santa universalidade de extensão. Compare com Efésios 4:29; Efésios 4:31; Efésios 5:3.
por meio de orações e súplicas. Quase poderíamos parafrasear o grego, onde cada substantivo tem um artigo, “por sua oração etc.”; pela oração que, é claro, você oferece.
“Oração” é a palavra mais abrangente, muitas vezes incluindo todos os tipos e partes de “adoração”; “súplica” é a mais definida. Compare com Efésios 6:18. As duas palavras assim unidas devem, no entanto, ser menos distinguidas do que incluir e reforçar o mais completo e livre “falar ao Senhor”.
com ação de graças. “A disposição do cristão deve ser sempre de ação de graças. Quase todo Salmo, por mais profunda que seja a tristeza e a contrição, escapa para a atmosfera feliz de louvor e gratidão. Os Salmos, em hebraico, são os Louvores. Toda oração deve incluir o elemento de ação de graças, por misericórdias temporais e espirituais” (Nota do Reitor de Peterborough). O privilégio da oração é em si um tema permanente para louvor agradecido.
sejam os vossos pedidos conhecidos por Deus. Exatamente como se Ele precisasse de informações. A verdadeira fé aceitará e agirá de acordo com tal preceito com muito pouco questionamento ou discussão de sua lógica. As Escrituras estão cheias de ilustrações disso na prática, desde as orações de Abraão (Gênesis 15, 17, 18) e do servo de Abraão (Gênesis 24) em diante. Cabe ao Eterno, não a nós, reconciliar declarações e pedidos tão humildes, mas tão reais de nossa parte com Sua infinidade.
Este versículo é uma advertência contra a visão da oração adotada por alguns pensadores cristãos místicos, em que toda petição articulada é fundida na perpétua “seja feita a tua vontade” da alma. Tal doutrina tem em si um elemento sagrado de verdade, mas como um todo está em desacordo com os preceitos divinamente equilibrados das Escrituras. [Moule, 1893]
<Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – janeiro de 2021.