E Daniel propôs em seu coração de não se contaminar com a porção diária de alimento da comida do rei, nem no vinho que ele bebia; então pediu ao chefe dos eunucos para não se contaminar.
Comentário de A. R. Fausset
não se contaminar com a…comida do rei. Daniel é especificado como sendo o líder no “propósito” (a palavra implica uma resolução decidida) de se abster de profanação, manifestando assim um caráter já formado para funções proféticas. Os outros três jovens, sem dúvida, compartilhavam seu propósito. Era costume lançar uma pequena parte do vinho sobre na brasa, como oferta de iniciação aos deuses, de modo a consagrar-lhes todo o entretenimento (compare Deuteronômio 32:38). Ter participado de tal festa teria sido sancionar a idolatria e era proibido mesmo depois que a distinção legal de carnes limpas e impuras fosse eliminada (1Corintios 8:7,10,27-28). Assim, a fé destes jovens se tornou instrumental para superar o mal predito contra os judeus (Ezequiel 4:13; Oséias 9:3), para a glória de Deus. Daniel e seus três amigos, diz Auberlen, destacam-se como um oásis no deserto. Como Moisés, Daniel “escolheu antes sofrer aflição com o povo de Deus, do que desfrutar dos prazeres do pecado por algum tempo” (Hebreus 11:25; ver Daniel 9:3-19). Aquele que interpreta as revelações divinas não deve se alimentar das iguarias, nem beber do cálice embriagador deste mundo. Isto fez dele um nome tão estimado para seus compatriotas como Noé e Jó, que também se mantiveram solitários em sua piedade entre uma geração perversa (Ezequiel 14:14; 28:3).
então pediu ao chefe dos eunucos para não se contaminar. Embora decidido em princípio, devemos buscar nosso objetivo pela gentileza, e não por um testemunho pretencioso, que, sob o argumento de fidelidade, atrai a oposição. [Fausset, 1866]
Comentário de S. R. Driver 🔒
(8-10) Daniel e seus companheiros desejam ter permissão para não usar a provisão fornecida pela mesa real. A carne pode ser a de animais não abatidos da maneira adequada (Deuteronômio 12:23-24), ou de animais proibidos aos judeus como alimento (Levítico 11:4-7; Levítico 11:10-12; Levítico 13-19 -20); enquanto tanto a carne quanto o vinho poderiam ter sido consagrados aos deuses babilônicos por porções oferecidas a eles em sacrifício, de modo que participar de qualquer um seria equivalente ao reconhecimento de uma divindade pagã (compare com 1Coríntios 10:20; 1Coríntios 10:27-29). Os judeus, especialmente em tempos posteriores, atribuíam grande importância às leis alimentares, e também eram muito cuidadosos em evitar atos que, mesmo indiretamente, pudessem parecer implicar o reconhecimento de uma divindade pagã. Antíoco Epifânio, em seu esforço (168 a.C.) para helenizar os judeus, procurou obrigá-los a sacrificar às divindades pagãs e a participar de alimentos impuros; e a resistência a seu édito foi um ponto em que os judeus leais puseram a maior ênfase (1 Macabeus 1:47-48; 1 Macabeus 1:62-63; compare com 2 Macabeus 6:18 e segs; 2 Macabeus 7:1). Comp. também 2 Macabeus 5:27; Adições a Ester 14:17; Judite 12:1-2 (veja Daniel 10:5); Tobias 1:10-11 (onde Tobias diz que quando ele e seus companheiros foram levados cativos para Nínive, ‘todos meus irmãos e meus parentes comeram do pão dos gentios, mas eu me abstive de comer’). Josefo (Vita 3) fala de certos sacerdotes que, enviados a Roma, comiam por motivos religiosos apenas figos e nozes. Para a revogação do princípio, na nova dispensação, veja Marcos 7:19, Atos 10:9-16,—comparando, porém, com 1Coríntios 8:4-13.
propôs em seu coração. Literalmente, colocou (isso) em seu coração, ou seja, deu atenção (Isaías 47:7; Isaías 57:11, Malaquias 2:2). ‘Propósito’ é muito forte.
a porção diária de alimento da comida do rei – como Daniel 1:5. [Driver, 1900]
<Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – janeiro de 2021.