O cuidado com a língua
não sejam muitos de vocês mestres [na igreja], sabendo que [nós, os que ensinamos] receberemos um julgamento mais rigoroso.
tal indivíduo é perfeito – “perfeito” no sentido em que o apóstolo explica logo a seguir; ele é capaz de controlar todos os outros membros de seu corpo. O seu objetivo não é apresentar o ser humano como absolutamente imaculado em todos os sentidos, e como totalmente livre de pecado, pois ele mesmo disse que “todos tropeçam em muitas coisas”; mas o objetivo é mostrar que se uma pessoa consegue controlar sua língua, ela tem domínio completo sobre si mesmo, tanto quanto alguém tem sobre um cavalo, ou como um timoneiro tem sobre um navio se ele estiver segurando o leme. Ele é perfeito nesse sentido, que tem controle total sobre si mesmo e não estará sujeito a cometer erros em nada. O objetivo é mostrar a posição importante que a língua ocupa, como governante de todo o indivíduo. [Barnes, 1870]
Compare com Tiago 1:26; 2Reis 19:28; Salmo 32:9; Salmo 39:1; Isaías 37:29.
levados por impetuosos ventos (compare com Salmo 107:25-27; Jonas 1:4; Mateus 8:24; Atos 27:14).
se orgulha de grandes coisas. “Orgulha” aqui tem um sentido neutro (Barnes, Clarke), ou seja, a língua é um pequeno membro, mas é capaz de grandes coisas, boas ou ruins.
inflama o curso da existência – trazendo destruição onde quer que seja mal usada.
sendo ela mesma inflamada pelo inferno. Inferno, ou geena, é apresentado como um lugar onde o fogo queima continuamente. A ideia aqui é que aquilo que faz com que a língua faça tanto mal tem sua origem no inferno. Nada poderia caracterizar melhor muito do que as línguas fazem, do que dizer que tem sua origem no inferno, e tem o espírito que lá reina. O próprio espírito daquele mundo de fogo e maldade – um espírito de falsidade, calúnia, blasfêmia e contaminação – parece inspirar a língua. A imagem que parece ter estado diante da mente do apóstolo era a de uma chama que acende e queima tudo conforme avança – uma chama acesa no fogo do inferno. Uma das descrições mais marcantes das desgraças e maldições que podem existir no inferno, seria retratar as tristezas causadas na terra pela língua. [Barnes, 1870]
Comentário A. R. Fausset
toda espécie – antes, “toda natureza” (ou seja, disposição natural e poder característico).
de animais selvagens – isto é, quadrúpedes de todas as disposições, distinguindo-se das outras três classes da criação: “aves, répteis (o termo grego inclui não apenas ‘serpentes’) e coisas do mar.”
é dominável e tem sido dominada – está continuamente sendo domada, e tem sido assim há muito tempo.
pela espécie humana – antes, “pela natureza do homem”: o poder característico do homem de domar a natureza dos animais. O dativo no grego pode indicar: “Se deixou ser trazida à sujeição domada PELA natureza dos homens.” Isso se cumprirá plenamente no mundo milenar; mesmo agora, o homem, com firmeza gentil, pode domar os animais e até elevar sua natureza. [JFB, 1873]
ninguém consegue dominar a língua. Isso não significa que ela nunca seja posta sob controle, mas que é impossível subjugá-la por completo. Seria possível subjugar e domesticar qualquer espécie de animal, mas isso não poderia ser feito com a língua. [Barnes, 1870]
Deus e Pai. Alguns manuscritos trazem “Senhor e Pai”, por isso a diferença entre as traduções.
Da mesma boca procedem benção e maldição (compare com Salmo 50:16-20; Jeremias 7:4-10; Miqueias 3:11; Romanos 12:14; 1Pedro 3:9).
Comentário A. R. Fausset
fonte – uma imagem do coração; assim como a abertura (o termo grego para “lugar” significa literalmente “abertura”) da fonte é uma imagem da boca do homem. Essa imagem é apropriada ao contexto da epístola, Palestina, onde existem fontes salgadas e amargas. Embora às vezes sejam encontradas fontes doces próximas, “água doce e amarga” não fluem “do mesmo lugar” (da mesma abertura). A graça pode transformar a mesma boca que antes “enviava o amargo” para enviar o doce no futuro, assim como a madeira (um símbolo da cruz de Cristo) transformou a água amarga de Mara em doce. [JFU, 1873]
humildade de sabedoria – ou seja, “com a humildade que vem da sabedoria” (NVT).
nem mintam contra a verdade – ou seja, nem mintam dizendo que são sábios, quando não o são (Barnes); ou então, nem mintam contra o Evangelho (Ellicott, Plumptre).
animal – literalmente, animalesca: a sabedoria do homem “natural” (1Coríntios 2:14, o mesmo grego), não nascido de novo de Deus; “não tendo o Espírito” (Judas 1:19).
demoníaca – ou seja, originária do inferno (Tiago 3:6), não de Deus, o Dador da verdadeira sabedoria (Tiago 1:5); a sua qualidade inerente está de acordo com a sua origem. “Terrena, animal, e demoníaca” corresponde aos três inimigos espirituais do ser humano, o mundo, a carne e o diabo. [JFU, 1866]
inveja e rivalidade (compare com Tiago 3:14; 1Coríntios 3:3; Gálatas 5:20).
Os pacificadores (“os que promovem a paz”) que semeiam em paz colherão as bênçãos do Reino (“fruto da justiça”).
Visão geral de Tiago
Em seu livro, Tiago “combina a sabedoria de seu irmão Jesus com o livro de Provérbios em seu próprio chamado desafiador para viver uma vida totalmente devotada a Deus”. Tenha uma visão geral deste livro através do vídeo a seguir produzido pelo BibleProject. (8 minutos)
Leia também uma introdução à Epístola de Tiago.
Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – maio de 2021.