Comentário de A. R. Fausset
A razão pela qual o nosso “irmão” tem direito a tal amor (1João 4:21), ou seja, porque ele é nascido (gerado) de Deus: assim, se queremos mostrar amor a Deus, devemos mostrá-lo ao representante visível de Deus. [JFU, 1866]
Comentário de A. R. Fausset
Como o nosso amor aos irmãos é a prova de nosso amor a Deus, o amor a Deus (provado pela “obediência aos Seus mandamentos”) é, inversamente, a única base do verdadeiro amor ao nosso irmão. [JFU, 1866]
Comentário Cambridge
Pois este é o amor de Deus. Ou, Pois o amor de Deus é isto, ou seja, consiste nisto. A verdade implícita em 1João 5:2, de que o amor envolve obediência, é aqui explicitamente declarada (Compare com Jo 14:15,21,23; 15:10; 2João 1:6).
E os seus mandamentos (“amai a Deus” e “amai ao próximo”, compare com 1João 3:23) não são pesados. Por duas razões:1. Porque Ele nos dá força para suportá-lo (Filipenses 4:13); 2. porque o amor os faz leves. Eles não são como as “cargas pesadas e difíceis de levar” que o legalismo dos fariseus impôs às consciências dos homens. Aqui novamente temos um eco das palavras do Mestre: “meu julgo é suave, e minha carga é leve” (Mateus 11:30). [Cambridge, 1896]
Comentário Vincent
esta é a vitória que vence o mundo. A vitória sobre o mundo foi potencialmente conquistada quando cremos em Jesus como o Cristo, o Filho de Deus. Vencemos o mundo ao sermos unidos a Cristo. Ao nos tornarmos como Ele é (1João 3:17), nos tornamos participantes de Sua vitória (Jo 16:33). “Maior é o que que está em vós do que o que está no mundo” (1João 4:4).
a nossa fé. A confissão que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus. [Vincent, 1886]
Comentário de A. R. Fausset
Confirmando, como um fato inegável (1João 5:4), que a vitória que vence o mundo é a fé. Pois é crendo que somos feitos um com Jesus o Filho de Deus, participando da Sua vitória sobre o mundo, e tendo em nós Um maior do que aquele que está no mundo (1João 4:4). [JFU, 1866]
Comentário de A. R. Fausset
Este é aquele que veio por água – “por água”, quando Seu ministério foi inaugurado pelo batismo no Jordão, e Ele recebeu o testemunho do Pai para Seu messianismo e Filiação divina. Compare 1João 5:5, “crê que Jesus é o Filho de Deus”, com Jo 1:33-34, “Espírito…repousar sobre ele…eu o vi, e testemunhado tenho, que este é o Filho de Deus” ; e 1João 5:8, “E três são os que testemunham na terra: o Espírito, a água e o sangue”. Corresponde ao batismo da água e do Espírito, que Ele instituiu como um selo permanente de união com Ele (Jo 3:5). e sangue. Ele veio “o sangue da Sua cruz” (Hebreus 9:12: “ele entrou de uma vez por todas no Santuário, e obteve uma redenção eterna, não pelo sangue de bodes e bezerros, mas sim, pelo seu próprio sangue”): um fato presenciado e tão solenemente testemunhado por João.
Jesus, o Cristo – não uma mera denominação, mas uma afirmação solene da Pessoa e do Messianismo do Senhor. [Fausset]
Comentário Whedon
Algumas versões da Bíblia acrescentam a este versículo: “o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e estes três são um”, entretanto, os estudiosos atualmente concordam que estas palavras, e “na terra” no versículo seguinte, não são do apóstolo João, mas sim um acréscimo tardio. Elas são omitidas em todos os manuscritos gregos anteriores ao século 16; por todos os pais gregos, e por muitos pais latinos. Eles são omitidos nas primeiras edições da Vulgata Latina. O texto nunca foi usado pelos pais ortodoxos da Igreja primitiva na defesa da doutrina da Trindade contra Ário. Essa doutrina foi estabelecida na Igreja sem qualquer auxílio deste texto. [Whedon, 1874]
Comentário de A. R. Fausset
Se recebemos (e com razão) o testemunho de homens verdadeiros, por mais falíveis que sejam; muito mais devemos aceitar o testemunho infalível de Deus (o Pai). “O testemunho do Pai é a base do testemunho da Palavra e do Espírito Santo; assim como o testemunho do Espírito é a base do testemunho da água e do sangue” (Bengel).
este é o testemunho de Deus – encontrado em 1João 5:1,5, “Jesus é o Cristo, o Filho de Deus”; e abaixo em 1João 5:10-11. [JFU, 1866]
Comentário de A. R. Fausset
deu – no original grego, aoristo, “deu de uma vez por todas. Não apenas “prometeu” isso.
essa vida está no seu Filho – essencialmente (Jo 1:4; 11:25; 14:6); corporalmente (Colossenses 2:9); eficientemente (2Timóteo 1:10) (Lange). É no segundo Adão, o Filho de Deus, que esta vida nos é assegurada, a qual, se dependesse de nós, perderíamos como o primeiro Adão. [JFU, 1866]
Comentário do Púlpito
A vida eterna não é dada a todo o mundo, nem a todos os cristãos em massa; é dado aos indivíduos, alma por alma, conforme cada um aceita ou não o Filho de Deus. A ordem do grego é digna de nota – na primeira metade do versículo, a ênfase está no “tem”, no segundo na “vida”. [Pulpit, 1897]
Comentário Cambridge
para que saibais que tendes a vida eterna. Na abertura da Epístola, João disse: “Estas coisas vos escrevemos para que a vossa alegria seja completa” (1João 1:4). O contexto mostra o que constitui essa alegria. É a consciência da comunhão com Deus e Seu Filho e Seus santos; em outras palavras, é a posse consciente da vida eterna (Jo 17:3). Assim, a Introdução e Conclusão da Epístola se explicam mutuamente. Este versículo também deve ser comparado com seu paralelo no Evangelho (Jo 20:31). Saltam aos olhos os propósitos semelhantes, mas não idênticos, do Evangelho e da Epístola. João escreve seu Evangelho, “para que tenhais vida”; ele escreve sua epístola “para que saibais que tendes a vida”. Um conduz à obtenção do benefício; o outro à alegria de saber que o benefício foi obtido. O propósito de um é produzir a fé; o do outro é tornar claros os frutos da fé. [Cambridge, 1896]
Comentário de A. R. Fausset
a confiança – ousadia (1João 4:17) em oração, que resulta de saber que temos a vida eterna (1João 5:13; 3:19,22).
alguma coisa conforme a sua vontade – que é a vontade do crente e que, portanto, não restringe as suas orações. Na medida em que a vontade de Deus não é a nossa vontade, não estamos permanecendo na fé, e nossas orações não são aceitas. Alford bem diz: Se conhecêssemos a vontade de Deus, e a ela nos submetêssemos de coração, seria impossível para nós pedir algo pelo espírito ou pelo corpo que Ele não realizasse: é esta condição ideal que o apóstolo tem em vista. É o Espírito que nos ensina interiormente, e Ele mesmo em nós pede segundo a vontade de Deus. [JFU, 1866]
Comentário Cambridge
E se sabemos que nos ouve…sabemos que alcançamos. Uma certeza depende da outra: se confiamos na bondade de Deus, estamos perfeitamente certos de que a nossa confiança não é indevida. “Portanto eu vos digo que tudo o que pedirdes orando, crede que recebereis, e vós o tereis” (Marcos 11:24). tudo o que pedimos pertence à cláusula condicional.
que alcançamos. Não apenas que alcançaremos: as nossas orações já são atendidas, embora nenhum resultado seja perceptível. “Pois qualquer um que pede recebe; e quem busca acha; e ao que bate lhe é aberto” (Mateus 7:8). [Cambridge, 1896]
Comentário Dummelow
Há pecado para a morte. Não há nenhum pecado específico que possa ser reconhecido como “para a morte”. O pecado não pode ser dividido em “mortal” e “venial” sob a autoridade desta passagem. O pecado pode ter um caráter que leve à total separação de Cristo, que é a morte espiritual. O “pecado para a morte” não é qualquer ato de pecado, por mais hediondo que seja, mas uma condição ou prática do pecado voluntariamente escolhida: é uma oposição constante e consumada a Deus (Plummer). [Dummelow, 1909]
Sobre o pecado para morte, leia o comentário de 1João 5:16.
Comentário Ellicott
todo aquele que é nascido de Deus não pratica o pecado. João insiste fortemente, no encerramento de sua carta, que o que representa o verdadeiro cristão é a ausência de pecado voluntário. Pode haver tropeços, mesmo que precise das orações de amigos, mas não há injustiça proposital.
o que é gerado de Deus o guarda – isto é, o Filho de Deus o preserva. (Comp. Jo 6:39; 10:28; 17:12,15).
o maligno não o toca. A última menção do diabo foi em 1João 3:10. O diabo e seus anjos atacam, mas não têm influência enquanto o cristão permanecer em Cristo. (Comp. 1Pedro 5:8; Efésios 6:11; Apocalipse 3:10). [Ellicott, 1905]
Comentário Cambridge
O mundo permanece em seu poder. Não passou, como eles, da morte para a vida; mas permanece no maligno, que é seu governante (Jo 12:31; 14:30; 16:11), assim como o cristão permanece em Cristo. É claro, portanto, que a separação entre a Igreja e o mundo deve ser, e tende a ser, tão total quanto a separação entre Deus e o maligno. O versículo anterior e a antítese a Deus, para não dizer nada de 1João 2:13-14; 4:4, deixa bem claro que o maligno (τῷ πονηρῷ) aqui é masculino e não neutro. O maligno não se apodera do filho de Deus: ele não só se apodera do mundo, mas o tem totalmente dentro do seu abraço. [Cambridge, 1896]
Comentário de A. R. Fausset
Resumo dos nossos privilégios cristãos.
nos deu entendimento. O ofício de Cristo é dar a compreensão espiritual para discernir as coisas de Deus.
para conhecermos o Verdadeiro. Deus, em oposição a todo tipo de ídolo ou falso deus (1João 5:21). Jesus, em virtude de sua união com Deus, é também “o Verdadeiro” (Apocalipse 3:7).
e no Verdadeiro estamos – “estamos no verdadeiro” Deus, por estarmos em seu Filho Jesus Cristo.
Este é o verdadeiro Deus – “Este Jesus Cristo (a última Pessoa nomeada) é o verdadeiro Deus” (identificando-O com o Pai em ser o único Deus verdadeiro, Jo 17:3) – e a vida eterna – predicado do Filho de Deus; Alford erroneamente diz que “Ele era a vida, mas não a vida eterna”. O Pai é a vida eterna como sua fonte; o Filho é também essa vida eterna manifestada, como a própria passagem (1João 1:2) que Alford cita, prova contra ele. Compare também 1João 5:11,13. É como mediador da VIDA ETERNA a nós que Cristo é aqui considerado. “O verdadeiro Deus e a vida eterna é este” Jesus Cristo; isto é, ao acreditar nEle, acreditamos no verdadeiro Deus e temos a vida eterna. Isto prepara o caminho para a advertência contra falsos deuses (1João 5:21). Jesus Cristo é a única “expressa imagem da pessoa de Deus” aprovada, a única manifestação verdadeira de Deus. Todas as outras representações de Deus são proibidas como ídolos. Assim, a carta termina como começou (1João 1:1-2). [JFU, 1866]
Comentário de A. R. Fausset
guardai-vos dos ídolos. Os cristãos estavam por toda parte rodeados de idólatras com os quais era impossível evitar algum contato. Daí a necessidade de estarem atentos contra um compromisso, mesmo indireto, ou comunhão com a idolatria. Alguns em Pérgamo, na região de onde João escreveu, caíram na cilada de comer coisas sacrificadas aos ídolos (Apocalipse 2:14). No momento em que deixamos de permanecer em Jesus Cristo, que “é Verdadeiro”, tornamo-nos parte “do mundo que jaz no maligno”, entregues à idolatria espiritual, se não à literal (Efésios 5:5; Colossenses 3:5). [JFU, 1866]
Introdução à 1João 5
1 João 5 se divide em duas partes. Os doze primeiros versículos formam a última seção da segunda divisão principal da Epístola, Deus é Amor (1João 2:29 a 1João 5:12): os últimos nove versos formam a conclusão e o resumo do todo. Alguns editores dividem a primeira parte do capítulo em duas seções, 1 a 5 e 6 a 12, mas textos e versões parecem estar certos ao agrupá-las como um parágrafo. A segunda parte contém duas seções menores, 13-17 e 18-21. Portanto, podemos analisar o capítulo da seguinte forma: a fé é a fonte do amor, a vitória sobre o mundo e a posse da vida (1João 5:1-12). Conclusão e Resumo: o amor intercessor é fruto da fé e da posse da vida (1João 5:13-17); a soma do conhecimento do cristão (1João 5:18-20); injunção prática final (1João 5:21).
Observar-se-á que no meio da primeira seção, temos o que parece à primeira vista uma digressão e, ainda assim, está intimamente conectada ao assunto principal da seção. Esse assunto principal é Fé, uma palavra que (estranhamente) não ocorre em nenhum outro lugar nas epístolas de João, nem em seu evangelho. E a fé implica necessariamente testemunho. Somente com a força do testemunho é possível a fé. Portanto, neste parágrafo sobre Fé e seus efeitos, o Apóstolo fornece em detalhes os vários tipos de testemunho nos quais a fé do cristão se baseia (1 Jo 5:6-12). O parágrafo mostra claramente a visão de João da relação entre Fé e Amor. Os dois são inseparáveis. [Cambridge, 1896]
Visão geral de 1, 2 e 3 João
Nas cartas de João, “o autor chama seguidores de Jesus a participarem da vida e amor de Deus, dedicando-se a amarem uns aos outros”. Para uma visão geral deste livro, assista ao breve vídeo abaixo produzido pelo BibleProject. (10 minutos)
Leia também uma introdução à Primeira Epístola de João.
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