Adivinhação

Adivinhação é mencionada na Bíblia em diversos contextos, geralmente associada a práticas condenadas por Deus, mas também como meio pelo qual Ele, em alguns casos, revelou sua vontade soberana.

Adivinhação como prática proibida

A adivinhação era praticada por falsos profetas (Deuteronômio 18:10, 14; Miqueias 3:6, 7, 11), necromantes (1Samuel 28:8), sacerdotes e adivinhos filisteus (1Samuel 6:2) e por Balaão (Josué 13:22). Três formas de adivinhação são mencionadas em Ezequiel 21:21: por flechas, por consulta a imagens (os terafins) e por exame das entranhas de animais sacrificados. Essa prática era incentivada no antigo Egito, e adivinhos abundavam entre os povos nativos de Canaã e entre os filisteus (Isaías 2:6; 1Samuel 28). Em períodos posteriores, muitos magos e encantadores vieram da Caldeia e da Arábia para Israel, continuando essas práticas (Isaías 8:19; 2Reis 21:6; 2Crônicas 33:6). Essa superstição se espalhou, e nos tempos apostólicos havia “judeus ambulantes, exorcistas” (Atos 19:13), além de homens como Simão, o Mago (Atos 8:9), Barjesus (Atos 13:6, 8) e outros enganadores e impostores (Atos 19:19; 2Timóteo 3:13). Toda espécie e grau dessa superstição era estritamente proibida pela Lei de Moisés (Êxodo 22:18; Levítico 19:26, 31; 20:27; Deuteronômio 18:10-11).

Adivinhação como meio legítimo de revelação divina

Apesar das proibições, há registros na Bíblia de formas específicas de adivinhação pelas quais Deus revelou sua vontade, em momentos solenes e conforme seu propósito.

(1) Adivinhação por sorteio – Em ocasiões solenes, o sorteio foi usado para conhecer a vontade de Deus: a divisão da terra de Canaã (Números 26:55-56), a identificação da culpa de Acã (Josué 7:16-19), a escolha de Saul como rei (1Samuel 10:20-21), a escolha de Matias como apóstolo (Atos 1:26), e a determinação do bode emissário no Dia da Expiação (Levítico 16:8-10).

(2) Adivinhação por sonhos – Deus se comunicou com pessoas por meio de sonhos, como em Gênesis 20:6; Deuteronômio 13:1, 3; Juízes 7:13, 15; Mateus 1:20; 2:12-13, 19, 22. Os relatos de José (Gênesis 41:25-32) e Daniel (Daniel 2:27; 4:19-28) ilustram essa prática.

(3) Urim e Tumim – Por designação divina, os sacerdotes consultavam a vontade de Deus por meio do Urim e Tumim (Números 27:21) e pelo éfode.

(4) Comunicação direta e vocal de Deus – Em certas ocasiões, Deus falou diretamente com os homens (Deuteronômio 34:10; Êxodo 3:4; 4:3; Deuteronômio 4:14-15; 1 Reis 19:12). Ele também falava do propiciatório (Êxodo 25:22) e à porta do tabernáculo (Êxodo 29:42-43).

(5) Revelações por meio dos profetas – Deus também comunicou sua vontade ao povo por meio dos profetas (2Reis 13:17; Jeremias 51:63-64). [Easton, 1896]