Poesia

A poesia tem sido bem definida como “a linguagem da emoção”. A poesia hebraica trata quase exclusivamente da grande questão da relação do homem com Deus. “Culpa, condenação, castigo, perdão, redenção, arrependimento são os temas inspiradores desta poesia nascida no céu”.

Nas escrituras hebraicas são encontrados três tipos de poesia, (1) a do Livro de Jó e dos Cânticos de Salomão, que é dramática; (2) a do Livro dos Salmos, que é lírica; e (3) a do livro de Eclesiastes, que é didática e sentenciosa.

A poesia hebraica não tem nada parecido com a das nações ocidentais. Não tem nem métrica nem rima. Sua grande peculiaridade consiste na correspondência mútua de frases ou cláusulas, chamadas paralelismo, ou “rima do pensamento”. Vários tipos deste paralelismo têm sido destacados:

1. Paralelismo sinônimo ou cognato, onde a mesma ideia é repetida nas mesmas palavras (Salmo 93:3; 94:1; Provérbios 6:2), ou em palavras diferentes (Salmo 22; 23; 28; 114, etc.); ou onde ela é expressa de forma positiva em uma sentença e de forma negativa na outra (Salmo 40:12; Provérbios 6:26); ou onde a mesma ideia é expressa em três sentenças sucessivas (Salmo 40:15-16); ou em um paralelismo duplo, as primeira e segunda sentenças correspondentes à terceira e à quarta (Isaías 9:1; 61:10-11).

2. Paralelismo antitético, onde a ideia da segunda sentença é o inverso daquela da primeira (Salmo 20:8; 27:6-7; 34:11; 37:9,17,21-22). Esta é a forma comum da poesia gnômica ou proverbial. Veja Provérbios 10 à 15.

3. Paralelismo sintético ou construtivo ou composto, em que cada sentença contém alguma ideia auxiliar que reforça a ideia principal (Salmo 19:7-10; 85:12; Jó 3:3-9; Isaías 1:5- 9).

4. Paralelismo introvertido, em que de quatro sentenças a primeira responde à quarta e a segunda à terceira (Salmo 135:15-18; Provérbios 23:15-16), ou onde a segunda linha inverte a ordem das palavras na primeira (Salmo 86:2).

A poesia hebraica às vezes assume outras formas além dessas. (1) Um arranjo alfabético é algumas vezes adotado com o propósito de conectar sentenças ou clausulas. Assim, a seguir, as palavras iniciais dos respectivos versos começam com as letras do alfabeto em ordem: Provérbios 31:10-31; Lm 1; 2; 3; 4; Salmo 25; 34; 37; 145. Salmo 119 tem uma letra do alfabeto em sequência regular começando cada oitavo versículo.

(2) A repetição do mesmo versículo ou de alguma expressão enfática em intervalos (Salmo 42; 107, onde o refrão está nos versos, 8,15,21,31). (Comp. Também Isaías 9:8 à 10:4; Amós 1:3,6, 9, 11,13; 2:1,4,6).

(3) Gradação, em que o pensamento de um verso é retomado em outro (Salmo 121).

Várias odes de grande beleza poética são encontradas nos livros históricos do Antigo Testamento, como a canção de Moisés (Êxodo 15), a canção de Débora (Juízes 5), de Ana (1Samuel 2), de Ezequias. (Isaías 38:9-20), de Habacuque (Hebreus 3), e “canção do arco” de Davi (2Samuel 1:19-27).

Adaptado de: Illustrated Bible Dictionary (Poetry).