Comentário de M. G. Easton
Palavras (“ditados”, NVI) do rei Lemuel. Nada se sabe a respeito deste rei. Os rabinos o identificaram com Salomão. [Easton, 1896]
a profecia que sua mãe o ensinou – ou então, “uma exortação que sua mãe lhe fez” (NVI).
Ou então, conforme a versão NVI, “Ó meu filho, filho do meu ventre, filho de meus votos”.
Ou melhor, “Não jogue fora sua vida procurando prazeres com muitas mulheres; são elas que acabam destruindo os reis” (VIVA).
nem teus caminhos para coisas que destroem reis – ou então, “seu vigor com aquelas que destroem reis” (NVI), referindo-se às mulheres.
Comentário de Andrew Fausset
não convém aos reis beber vinho. Todas as bebidas alcoólicas devem ser evitadas pelos reis. O motivo é dado no próximo verso (Provérbios 31:4). Jamieson, Fausset, Brown, 1866]
Comentário de Andrew Fausset
Para não acontecer de que bebam, e se esqueçam da lei — veja também Provérbios 20:1 e Eclesiastes 2:3. Reis, em boa saúde, não precisam de bebida alcoólica, e ao evitá-la, dão um bom exemplo, já que estão em uma posição de destaque. Isso apoia a ideia de abstinência total quando ela traz mais benefício do que o uso da bebida. Veja os efeitos ruins da bebida nos casos de Elá (1Reis 16:8-9), Ben-Hadade (1Reis 20:16), Belsazar (Daniel 5:24), além de Oseias 7:5, Isaías 28:7; 56:12 e Efésios 5:18. [Jamieson, Fausset, Brown, 1866]
Comentário de Andrew Fausset
Aqui, o uso do vinho não é visto como uma bebida de uso contínuo, mas como algo medicinal ou revigorante, usado em momentos de necessidade, como um estimulante (veja Juízes 9:13; Lucas 10:34; 1Timóteo 5:23). [Jamieson, Fausset, Brown, 1866]
Comentário de Andrew Fausset
Para que bebam, e se esqueçam de sua pobreza. Faça com que, pelo vinho que lhe deres (não em excesso, mas com moderação), ele esqueça sua tristeza — em contraste com o rei, que não deve beber para não esquecer a lei (Provérbios 31:5). [Jamieson, Fausset, Brown, 1866]
Comentário de Andrew Fausset
Abre tua boca no lugar do mudo — isto é, por aqueles que não conseguem se defender nos tribunais.
pela causa judicial de todos os que estão morrendo — literalmente, “os filhos da morte” (hebraico: benee chaloph), que pode ser entendido como “filhos do abandono” ou órfãos, filhos deixados sem proteção após a morte dos pais. Imite a Deus, que é especialmente o defensor da viúva e do órfão. [Jamieson, Fausset, Brown, 1866]
Compare com Provérbios 16:12; Provérbios 20:8; Levítico 19:15; Deuteronômio 1:16; Deuteronômio 16:18-20; 2 Samuel 8:15; Salmo 58:1, 2; Salmo 72:1, 2; Isaías 1:17, 23; Isaías 11:4; Isaías 32:1, 2; Jeremias 22:3, 15, 16; Jeremias 23:5; Daniel 4:27; Zacarias 7:9; João 7:24; Hebreus 1:9; Apocalipse 19:11.
Comentário de Andrew Fausset
Os louvores à mulher virtuosa formam um acróstico hebraico: os 22 versos desse trecho começam, cada um, com uma das 22 letras do alfabeto hebraico, em ordem. Matthew Henry chamou esse trecho de “um espelho para as damas”.
A “mãe de Lemuel” (Provérbios 31:1) é quem sugere o modelo da “mulher virtuosa” — no hebraico, chail, que transmite a ideia de alguém corajosa, esforçada e boa.
quem a encontrará? é um tesouro raro (veja Eclesiastes 7:28). [Jamieson, Fausset, Brown, 1866]
Comentário de Andrew Fausset
O coração de seu marido confia nela… O marido confia plenamente nela, a ponto de deixar sob seus cuidados toda a administração da casa, podendo assim se dedicar a tarefas públicas e mais pesados. Essa confiança torna a esposa ainda mais diligente.
e ele não terá falta de bens. — ou seja, ele não precisa buscar ganhos em guerras ou saques, pois ela provê tudo que é necessário para o conforto e o bem-estar do lar. [Jamieson, Fausset, Brown, 1866]
Comentário de Andrew Fausset
Não apenas no começo do casamento, como acontece com muitos, mas durante toda a vida: nos tempos bons, nos dias difíceis, na doença, na velhice. [Jamieson, Fausset, Brown, 1866]
Comentário de Andrew Fausset
Ela não espera que o marido traga os materiais, nem age com relutância. Pelo contrário, “com prazer trabalha com suas mãos”.
com prazer trabalha com suas mãos. Mesmo mulheres de alta posição, nos tempos antigos, faziam trabalhos domésticos com as próprias mãos (cf. Gênesis 18:6; 27:14). [Jamieson, Fausset, Brown, 1866]
Comentário de Andrew Fausset
Ela é como um navio mercante; de longe traz a sua comida — com o fruto do seu trabalho, ela compra o que é necessário e traz conforto para sua casa, assim como os navios mercantes trocam produtos locais por bens vindos de terras distantes. [Jamieson, Fausset, Brown, 1866]
Comentário de Andrew Fausset
Ela se levanta cedo e cuida para que todos na casa tenham o que comer, e ainda distribui o trabalho diário às servas. O padrão apresentado aqui para a mulher não é o de uma reclusa religiosa, vivendo em ascetismo monástico sob a aparência de santidade superior, mas sim o de alguém ativa, dedicada às responsabilidades do lar, econômica mas generosa, fiel como esposa, amorosa como mãe, e com o temor do Senhor como fundamento de tudo o que faz. [Jamieson, Fausset, Brown, 1866]
Comentário de Andrew Fausset
Ela avalia um campo, e o compra. Isso mostra que não só a preguiça é condenada, mas também a impulsividade. A mulher sábia “calcula o custo” (como ensina Lucas 14:28), analisando se o campo vale o preço e se ela pode pagar por ele. Ela não fica apenas pensando ou hesitando — ela age com decisão e responsabilidade.
do fruto de suas mãos planta uma vinha. Há aqui uma nota interessante sobre o texto hebraico: a forma verbal pode ser feminina (indicando que ela planta) ou masculina (indicando que o marido planta com os recursos do trabalho dela). A ideia é que, mesmo não sendo seu papel direto cuidar do campo (atividade externa), ela investe com sabedoria o que conquistou com seu esforço. Ela prioriza o necessário antes do supérfluo. [Jamieson, Fausset, Brown, 1866]
Comentário de Andrew Fausset
Ela prepara seus lombos com vigor — ou seja, ela se prepara com vigor para aquilo que faz, colocando toda a sua energia nas tarefas. “Cingir os lombos” era um gesto usado para o trabalho ou para a ação (veja Êxodo 12:11; 1 Reis 18:46; Jó 38:3).
e fortalece seus braços — ela não se limita a tocar o trabalho de forma superficial ou delicada, mas usa os braços com firmeza, sem recuar do trabalho duro. [Jamieson, Fausset, Brown, 1866]
Comentário de Andrew Fausset
Ela prova que suas mercadorias são boas — que o fruto do seu trabalho é bem-sucedido. A imagem do “comércio” retoma a ideia do verso 14, onde ela é comparada aos navios mercantes. A experiência mostra que a diligência traz bons resultados.
e sua lâmpada não se apaga de noite — assim como ela se levanta cedo, também trabalha até tarde, mesmo à luz da candeia. [Jamieson, Fausset, Brown, 1866]
Comentário de Andrew Fausset
Ela estende suas mãos ao rolo de linha — diferente de muitas mulheres que gastam a maior parte do tempo se enfeitando diante do espelho, essa mulher virtuosa usa suas mãos para atividades que realmente trazem benefício à sua casa e à sua família. [Jamieson, Fausset, Brown, 1866]
Comentário de Andrew Fausset
O fruto do seu trabalho (como mostrado no verso 19) não é voltado apenas para si mesma. Ela trabalha para que possa “ter com que repartir com o que tiver necessidade” (Efésios 4:28). A expressão “abre a mão” — ou melhor, “abre amplamente” — indica generosidade, o oposto de fechar a mão (veja Deuteronômio 15:7-8). O objetivo do trabalho e da prosperidade não é acumular riqueza ou gastar com futilidades e vaidades, mas sim usar o que vai além das necessidades pessoais e familiares para ajudar os que passam necessidade. Sua diligência brilha no adquirir, e sua piedade se mostra no dar. O texto alterna entre “sua mão” e “suas mãos” — o que sugere que ela está pronta a ajudar com uma mão, ou com as duas, conforme a urgência da situação. [Jamieson, Fausset, Brown, 1866]
Comentário de Andrew Fausset
Tão longe está sua família de ficar sem roupas para se proteger do frio, que eles possuem até mesmo vestes mais caras (veja Provérbios 31:22). É assim que leem as versões Siríaca e Caldaica. A cor escarlate sugere tanto calor quanto beleza, em contraste com a neve fria. Mas a Vulgata traduz, conforme a margem, como “vestes duplas” (shenayim — dupla, em vez de shaaniym — escarlate). Da mesma forma, a Septuaginta traduz por dissa, significando uma veste dupla, tão eficaz quanto duas. [Jamieson, Fausset, Brown, 1866]
Comentário de Andrew Fausset
Ela provê tanto para o enfeite quanto para a necessidade; ao mesmo tempo, cuida primeiro do conforto essencial de sua casa antes de pensar em sua própria satisfação. Isso mostra que a proibição de roupas caras (1Timóteo 2:9; 1 Pedro 3:3) é dirigida contra o uso da vestimenta como instrumento de orgulho e vaidade. A esposa aqui descrita ocupa uma posição elevada. Cada pessoa deve se vestir de acordo com sua condição. [Jamieson, Fausset, Brown, 1866]
Comentário de Andrew Fausset
Seu marido é famoso (destaca-se; ocupa uma posição de destaque por causa da influência indireta dela) às portas da cidade (o local onde se fazia justiça), quando se assenta entre os anciãos (os líderes) da terra. A diligência e amabilidade de sua esposa no lar permitem que ele, com a mente livre de preocupações, se dedique plenamente às suas responsabilidades públicas em cargos elevados no Estado (cf. Provérbios 12:4). [Jamieson, Fausset, Brown, 1866]
Comentário de Andrew Fausset
fornece cintos aos comerciantes — os vende aos comerciantes, que os revendem para estrangeiros. [Jamieson, Fausset, Brown, 1866]
Comentário Whedon
Força e glória. Ou, beleza; (o abstrato para o concreto;) sua vestimenta é forte e bela, tanto a que veste como a que vende; e, portanto, não tem nenhuma preocupação com o futuro.
ela sorri pelo seu futuro – ou é alegre para o futuro; literalmente, ela ri do depois do dia. Temendo a Deus e trabalhando com justiça, buscando negócios lucrativos e abençoada pela Providência, ela está alegre diante do futuro. [Whedon]
Comentário de Andrew Fausset
Ela abre sua boca com sabedoria. Ela não é faladeira nem frívola, mas fala com ponderação e bom senso. A ociosidade leva à tagarelice (1 Timóteo 5:13), enquanto a diligência é seu antídoto.
e o ensinamento bondoso está em sua língua. Ela fala com graça e generosidade. O original diz literalmente “sobre a sua língua”, indicando que a bondade repousa ali constantemente. Ela une sabedoria com ternura — tanto no sentido natural quanto espiritual. Além de palavras gentis, ela também fala da lei da graça, ou seja, da Palavra de Deus, que é a fonte de toda verdadeira bondade. Mulheres piedosas não devem falar apenas sobre assuntos domésticos, mas também compartilhar a graça de Deus com todos os que estão ao seu redor (veja 2Timóteo 1:5; 3:15; 1Samuel 2:1; Ester 4:16). Cristo é o maior exemplo disso (Isaías 50:4; Lucas 4:22). [Jamieson, Fausset, Brown, 1866]
Comentário de Andrew Fausset
Ela presta atenção aos rumos de sua casa — ou seja, ela cuida dos assuntos do lar com atenção e responsabilidade. Não se intromete na vida dos outros, mas se concentra em observar de perto os caminhos e comportamentos dos seus, verificando se todos cumprem seus deveres com fidelidade e temor a Deus.
e não come pão da preguiça. Em contraste com o “pão de dores” (Salmo 127:2). [Jamieson, Fausset, Brown, 1866]
🔗 Para se aprofundar no assunto, leia o texto “O temor do Senhor é o antídoto contra a preguiça” do pastor batista Paulo Alves.
Comentário de Andrew Fausset
Seus filhos se levantam e a chamam de bem-aventurada. Quando chegam à maturidade, os filhos reconhecem e louvam a mãe pela formação e educação que receberam dela desde cedo. A expressão “se levantam” é usada para indicar a entrada na vida pública. Quando eram crianças, viviam no ambiente privado do lar; ao se levantarem e entrarem na vida pública, demonstram que alcançaram a maturidade. Além disso, “levantar-se” também pode significar assumir com seriedade o cumprimento de um dever, como em Josué 18:4. [Jamieson, Fausset, Brown, 1866]
Comentário de Andrew Fausset
Esta é uma palavra de elogio dirigida à mulher virtuosa, vinda de Salomão ou do próprio Espírito de Deus. [Jamieson, Fausset, Brown, 1866]
Comentário de Keil e Delitzsch
O que segue agora não é uma continuação das palavras de louvor do marido (Ewald, Elster, Löwenstein), mas um epiphonema auctoris (Schultens); o poeta confirma o louvor do marido, remetendo-o ao fundamento geral de sua razão:
A beleza é enganosa, e a formosura é passageira; mas a mulher que teme ao SENHOR, essa será louvada.
A beleza é vaidade, porque não é nada que permanece, nada que é real, mas que está sujeito à lei de todas as coisas materiais – a transitoriedade. O verdadeiro valor de uma esposa é medido apenas pelo que é duradouro, de acordo com o fundo moral de sua aparência externa; de acordo com a piedade que se manifesta quando a beleza da forma corporal se desvanece, em uma beleza que é atraente. [Keil e Delitzsch]
Comentário de Andrew Fausset
Dai a ela conforme o fruto de suas mãos — exortação de Salomão aos homens em geral: dai a ela os elogios que tão ricamente merece.
às portas — nos lugares públicos. [Jamieson, Fausset, Brown, 1866]
Visão geral de Provérbios
“O livro de Provérbios convida as pessoas a viverem com sabedoria e temor ao Senhor a fim de experimentarem a boa vida”. Tenha uma visão geral deste livro através de um breve vídeo produzido pelo BibleProject. (8 minutos)
Leia também uma introdução ao livro dos Provérbios.
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