Por que, SENHOR, tu estás longe? – como se fosse um espectador indiferente à opressão sofrida por teu povo. “Por que” não é uma questão de incredulidade, mas uma queixa de fé, baseada na convicção de que a justiça de Deus não pode permitir que tal anomalia continue.
Por que te escondes em tempos de angústia? Davi faz alusão, em contraste, ao Salmo 9:9, “O Senhor é refúgio para os oprimidos, uma torre segura na hora da adversidade” (NVI). Por que continua um estado de coisas que parece contradizer o caráter do Senhor? [JFU, 1866]
que sejam apanhados nas ciladas que planejaram (compare com Salmo 7:16; Salmo 9:1516; Provérbios 5:22).
e o avarento amaldiçoa e despreza o SENHOR (NAA, A21) – ou então, [o ímpio] bendiz o avarento e despreza o SENHOR (ACF, NVT). O “avarento” aqui é aquele que se apropria do que não é seu por meio da violência, ou então da injustiça; esse tratamento que o ímpio dá aos pobres indica um desprezo a Deus (Salmo 10:13; Isaías 1:4). [Kirkpatrick, 1906]
Deus não existe em todos as seus pensamentos. Não que os ímpios negassem verbalmente a Deus (ver Salmos 10:11), mas todos os seus planos e atitudes eram uma negação de Seu ser e caráter, como o Juiz que requer ou toma conhecimento do pecado (Tito 1:16). [JFU, 1866]
muito acima e longe dele estão os seus juízos. Há duas interpretações possíveis: para o salmista, os juízos de Deus parecem estar tão distantes que não são executados sobre o perverso, de modo que ele continua a prosperar; ou então, para o perverso, os juízos de Deus são uma coisa distante e impossível de acontecer.
de geração em geração não me virá mal algum – ou seja, nenhuma desgraça atingirá a minha descendência (NVI, A21); ou então, a desgraça nunca virá sobre mim (NVT, ACF).
debaixo da sua língua há maldade e perversidade. A metáfora vem das serpentes, cujo veneno está escondido em pequenas bolsas sob os dentes, e dali é expelido conforme a sua vontade (Salmo 140:3). Em vez de dizer, sobre a sua língua, o salmista diz “debaixo” dela, para sugerir que o próspero pecador tem todo um depósito do mal “debaixo da sua língua”, de onde, conforme a necessidade, ele tira um parte, para colocar sobre sua língua ao falar. Consequentemente, diz-se que a boca do pecador está “cheia de maldição”. [JFU, 1866]
seus olhos espreitam o desamparado – ou seja, “está sempre à procura de vítimas indefesas” (NVT).
Ele arma ciladas no esconderijo, como o leão em seu covil (compare com Salmo 17:12; Salmo 59:3; Lm 3:10; Amós 3:4; Miqueias 7:2; Amós 5:1112Amós 2:67Naum 2:1112; Zacarias 11:3; Jo 10:12; Atos 23:21).
o miserável (compare com Salmo 12:5; Salmo 35:10; Salmo 37:14; Salmo 109:31; 2Samuel 12:910Jó 5:1516; Provérbios 14:31; Provérbios 22:16; Provérbios 28:15; Isaías 3:15; Isaías 32:7; Ezequiel 22:29; Amós 5:1112Amós 2:67; Amós 5:1112; Habacuque 3:14).
Ele se encolhe, se agacha, para que os pobres caiam em seu poder (NAA, NVI, ACF) – ou então, “As vítimas indefesas são esmagadas; caem sob a força do perverso” (NVT).
Deus se esqueceu. Este é o erro comum dos perversos. Visto que o julgamento de Deus não ocorre imediatamente após o crime, eles são levados a dizer: “Deus escondeu o seu rosto”, ele não sabe nada do que esta acontecendo. Compare com Salmo 10:13; 73:11; Ezequiel 8:12. [Whedon, 1874]
ergue tua mão – para reivindicar o teu povo e ferir os ímpios (Miqueias 5:9; Êxodo 7:5; Isaías 5:25). A imagem é de alguém que estava com a mão parada no peito, na dobra da túnica oriental, e que a ergue a fim de agir. [JFU, 1866]
o perverso blasfema contra Deus (compare com Salmo 74:1018; Números 11:20; 2Samuel 12:910; Lucas 10:16; 1Tessalonicenses 4:8).
tu não lhe pedirás contas (compare com Gênesis 9:5; Gênesis 42:22; 2Crônicas 24:22; Amós 5:1112Amós 2:67Naum 2:1112Lucas 11:5051).
tu tens sido o auxílio do órfão – isto é, este é o caráter geral de Deus – o caráter no qual ele se revelou ao homem. Compare com Êxodo 22:22; Deuteronômio 10:18; Isaías 1:17; Salmo 68:5; 82:3; Jeremias 49:11; Oséias 14:3; Malaquias 3:5; Tiago 1:27. O salmista aqui se refere ao caráter geral de Deus como aquele em que todos os oprimidos, esmagados e desamparados podem confiar; e ele menciona este caso particular como aquele que melhor ilustra esse caráter. [Barnes, 1870]
Quebra o braço do perverso e do maligno – ou seja, “acaba com a sua força; tire a sua capacidade de fazer o mal aos outros” (Pulpit, 1895).
pede contas da sua maldade, até não encontrar mais nada (NVI, A21, ACF) – ou então, “pede contas da sua maldade, até que a descubras de todo“ (NAA).
A sentença “da sua terra somem as nações” foi explicada de várias maneiras como referindo-se (1) ao passado ou (2) ao futuro (profético perfeito). Se (1) se refere ao passado, o salmista encontra a garantia para o cumprimento de suas orações e esperanças no extermínio dos cananeus, ou então na destruição das “nações” mencionadas no Salmo 9:5-6,15. Como as nações já foram expulsas perante o povo de Deus, os ímpios devem finalmente dar lugar aos piedosos, e a terra de Javé se tornará de fato o que é em nome, a Terra Santa. Compare com frequentes os avisos a Israel de que o destino dos cananeus poderia ser o deles (Deuteronômio 8:19-20, etc.). Se (2) a sentença se refere ao futuro, é uma antecipação confiante (expressa como se já tivesse sido realizada) da destruição final dos opressores estrangeiros de Israel, incluindo, pode-se supor, todos os ímpios de quem eles são tipos.
A primeira explicação se ajusta melhor ao contexto. A queixa e oração do salmo são dirigidas contra opressores perversos dentro da nação de Israel, não contra inimigos estrangeiros. A antecipação da destruição de tais inimigos externos é estranha à linha de pensamento. Mas existe um apelo à história como base de esperança para o futuro. [Kirkpatrick, 1906]
SENHOR, tu ouviste o desejo dos necessitados (compare com Salmo 112:78Salmo 9:1218; Salmo 37:4; Salmo 145:19; Provérbios 10:24).
tu fortalecerás os seus corações (compare com Salmo 112:78; 1Crônicas 29:18; Provérbios 16:1).
teus ouvidos os ouvirão (compare com Salmo 102:17; Isaías 65:24; Atos 4:24-31; Atos 12:5; 1Pedro 3:12).
para fazer justiça ao órfão – isto é, para reivindicar o órfão; para resgatá-lo das mãos daqueles que o oprimiriam e praticariam injustiça contra ele. Em outras palavras, o salmista ora para que Deus se manifeste no seu verdadeiro e próprio carácter como aquele que defende os órfãos (veja a nota no Salmo 10:14), ou daqueles que são representados pelos “órfãos” – os fracos e desamparados. [Barnes, 1870]
Introdução ao Salmo 10 🔒
Visão geral de Salmos
“O livro dos Salmos foi projetado para ser o livro de orações do povo de Deus enquanto esperam o Messias e seu reino vindouro”. Tenha uma visão geral deste livro através de um breve vídeo produzido pelo BibleProject. (9 minutos)
Leia também uma introdução ao livro de Salmos.
Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – abril de 2021.