A superioridade da profecia sobre as línguas
Segui (compare com Pv 15:9; 21:21; Is 51:1; Rm 9:30; 14:19; 1Tm 5:10; 6:11; Hb 12:14; 1Pe 3:11-13; 3Jo 1:11) o amor (compare com 1Co 13:1-8,13; 2Tm 2:22; 2Pe 1:7) – como seu principal objetivo, visto que é “o maior” (1Co 13:13).
e desejai com zelo pelos dons espirituais (compare com 1Co 12:1,31; Ef 1:3) – ou então, “busquem com dedicação os dons espirituais” (NVI).
porém principalmente que profetizeis (compare com 1Co 14:3-5,24-25,37,39; 13:2,9; Nm 11:25-29; Rm 12:6; 1Ts 5:20; 1Tm 4:14) – em algumas versões, “principalmente o [dom] de profetizar”, ou seja, falar e exortar sob inspiração (Pv 29:18; At 13:1; 1Ts 5:20), seja quanto a eventos futuros, isto é, profecia, ou explicando partes obscuras da Escritura, especialmente as Escrituras proféticas ou ilustrando e apresentando questões da doutrina e prática cristãs. Nossa pregação moderna é a sucessora da profecia, mas sem a inspiração. Deseje zelosamente isto (profecia) mais do que qualquer outro dom espiritual, especialmente em preferência a “línguas” (Bengel). [JFU, 1871]
fala língua – Algumas traduções trazem “estranha” após “língua”, porém esta palavra não se encontra nos manuscritos mas antigos.
fala…a Deus – quem sozinho entende todas as línguas.
ninguém o entende – O contexto favorece a interpretação que Paulo está falando dos que estão presentes no culto, e não modo geral. Isso favorece o entendimento de que as línguas faladas eram estrangeiras em detrimento aos sons inarticulados defendidos por alguns. Logo, é possível que caso houvesse algum estrangeiro na reunião, este poderia entender a língua falada, como ocorreu no Pentecostes (At 2:4-11) e na casa de Cornélio (At 10:46).
Se as línguas não forem compreendidas, não há edificação, convencimento e consolação em contraste com o dom de profecia (1Co 14:3).
em espírito – em oposição ao “entendimento”; o falar em línguas é uma forma de oração a Deus (1Co 14:14).
fala mistérios – não de coisas misteriosas, como segredos a serem revelados, mas sim coisas ininteligíveis para os ouvintes. Corinto, um mercado para os comerciantes da Ásia, África e Europa, daria espaço para o exercício do dom de línguas; mas o seu uso legítimo era para uma audiência que compreendia a língua do falante, não numa mera exibição.
o que profetiza (leia o comentário de 1Co 14:1).
edificação (compare com 1Co 14:4,12,26; 8:1; 10:23; At 9:31; Rm 14:19; 15:2; Ef 4:12-16,29; 1Ts 5:11; 1Tm 1:4; Jd 1:20).
exortação (compare com Lc 3:18; At 13:15; 14:22; 15:32; Rm 12:8; 1Ts 2:3; 4:1; 5:11,14; 2Ts 3:12; 1Tm 4:13; 6:2; 2Tm 4:2; Tt 1:9; Tt 2:6,9,15; Hb 3:13; 10:25; 13:22; 1Pe 5:12).
consolação (compare com 1Co 14:31; 2Co 1:4; 2:7; Ef 6:22; Cl 4:8; 1Ts 2:11; 3:2; 4:18; 5:11-14).
eu quero que todos vós (compare com 1Co 12:28-30; Nm 11:28-29) faleis línguas – algumas versões acrescentam “estranhas” como explicação, mas isto não está presente nos manuscritos antigos.
mais ainda que profetizeis (compare com 1Co 14:1,3).
a não ser que também interprete (compare com 1Co 14:12-13,26-28; 12:10,30).
“Revelação” é o desvelamento sobrenatural de verdades divinas ao homem, “profecia” a comunicação de tais revelações aos homens. Assim, “conhecimento” corresponde a “doutrina”, que é o dom de ensinar aos outros o nosso conhecimento. Uma vez que o primeiro par se refere a mistérios especialmente revelados, o último par se refere às verdades gerais e manifestas da salvação, trazidas do depósito comum dos crentes [a Escritura]. [JFU, 1871]
o que vos aproveitaria (compare com 1Co 10:33; 12:7; 13:3; 1Sm 12:21; Jr 16:19; 23:32; Mt 16:26; 2Tm 2:14; Tt 3:8; Hb 13:9).
revelação (compare com 1Co 14:26-30; Mt 11:25; 16:17; 2Co 12:1,7; Ef 1:17; Fp 3:15).
conhecimento (compare com 1Co 12:8; 13:2,8-9; Rm 15:14; 2Co 11:6; Ef 3:4; 2Pe 1:5; 2Pe 3:18).
profecia (compare com 1Co 14:1; 13:2).
doutrina (compare com 1Co 14:26; Rm 16:17; 2Tm 3:10,16; 2Tm 4:2; 2Jo 1:9).
as coisas inanimadas (compare com 1Co 13:1).
se não emitirem sons distintos (compare com 1Co 14:8; Nm 10:2-10).
harpa – ou então, “cítara”.
Ou seja, “E se o corneteiro do exército não tocar as notas certas, como é que os soldados saberão que estão sendo chamados para a batalha?” (VIVA). Compare com Nm 10:9; Js 6:4-20; Jz 7:16-18; Ne 4:18-21; Jó 39:24,25; Is 27:13; Am 3:6.
tantos tipos – como pode ser enumerado por investigadores de tais assuntos. Compare “muitos”, geralmente usado para um número definido deixado indefinido (At 5:8; também 2Sm 12:8). [JFU, 1871]
vozes no mundo, e nenhuma delas é sem sentido – toda linguagem, e toda palavra em uma língua, tem um significado nela, uma ideia anexada a ela, que é transmitida àquele que a entende. [Gill]
Para Nicodemus, essa passagem fortalece a interpretação de que as línguas não eram sons inarticulados e sem sentido (O Culto Espiritual).
Portanto – visto que nenhuma das vozes é sem sentido.
serei estrangeiro (o original é “bárbaro”) para quem fala. Embora algumas traduções tragam “para aquele a quem falo”, foi optado por “para quem fala” pois tem mais relação com o contexto, e está de acordo com a maioria das novas traduções.
desejais dons espirituais (compare com 1Co 14:1; 1Co 12:7,31).
procurai (compare com 1Co 14:3-4,26) neles abundar para edificação da igreja – ou seja, “procurai desenvolver os que servem para a edificação da igreja” (A21).
língua – algumas versões acrescentam “estranha” ou “desconhecida” como explicação, mas isto não está presente nos manuscritos antigos.
ore para que a possa interpretar (compare com 1Co 14:27-28; 12:10,30; Mc 11:24; Jo 14:13-14; At 1:14; 4:29-31; 8:15).
Que farei, então? (compare com 1Co 10:19; Rm 3:5; 8:31; Fp 1:18). O apóstolo, ao responder a esta pergunta — qual, então, é a conclusão prática de todo o assunto? — ainda fala na primeira pessoa, citando sua própria conduta e decisão. Ele não permitirá que seu ministério público no que diz respeito à oração e louvor se transformem em emocionalismo; nem, por outro lado, permitirá que um credo intelectual esfrie e congele as emoções calorosas do espírito. [Ellicott, 1905]
bendisseres com o espírito (compare com 1Co 14:2,14) – ou seja, louvar a Deus em espírito.
não instruídos (compare com 1Co 14:23-24; Is 29:11-12; Jo 7:15; At 4:13).
amém (compare com 1Co 11:24; 16:24; Nm 5:22; Dt 27:15; 1Rs 1:36; 1Cr 16:36; Sl 41:13; 72:19; 89:52; 106:48; Jr 28:6; Mt 6:13; 28:20; Mc 16:20; Jo 21:25; Ap 5:14; Ap 22:20).
Paulo dá a si mesmo como exemplo, tanto para que eles se envergonhem de sua ambição tola, quanto para evitar toda suspeita de inveja. [Genebra, 1599]
cinco palavras – ou seja, poucas palavras. Não há razões para concluir que Paulo tivesse exatamente cinco palavras em mente, ou então, como sugeriu Jerônimo, os cinco livros do Pentateuco.
língua – algumas versões acrescentam “estranha” ou “desconhecida” como explicação, mas isto não está presente nos manuscritos antigos.
não sejais crianças no entendimento [dessas coisas] (compare com 1Co 3:1-2; 13:11; Sl 119:99; Rm 16:19; Ef 4:14-15; Hb 5:12-13; 6:1-3; 2Pe 3:18).
sede bebês na malícia (compare com Sl 131:1-2; Mt 11:25; 18:3; Mc 10:15; 1Pe 2:2). Ou seja, “sejam criancinhas inocentes quando se trata de maquinar o mal” (VIVA).
adultos no entendimento (compare com 1Co 2:6; Fp 3:15; Sl 119:99).
Na Lei está escrito (compare com Jo 10:34; Rm 3:19)
A este povo falarei por gente de outras línguas, e por outros lábios; e ainda assim não me ouvirão, diz o Senhor (compare com Dt 28:49; Is 28:11-12; Jr 5:15).
Assim, a partir de Isaías, parece que “as línguas” (não interpretadas) não são um sinal para os crentes (embora na conversão de Cornélio e dos gentios com ele, foram concedidas línguas para confirmar sua fé), mas principalmente para condenar aqueles que, como Israel, rejeitam o sinal e a mensagem que o acompanha. Assim, as línguas condenaram aqueles que rejeitaram o evangelho proferido no Pentecostes (At 2:8, em contraste com 1Co 14:13). Compare “ainda assim eles não me ouvirão” (1Co 14:21). “Sinal” é frequentemente usado para um sinal condenatório (Ez 4:3-4; Mt 12:39-42).
a profecia não é para os que não creem, mas para os que creem – Não tem efeito sobre os incrédulos obstinados, como Israel, mas sobre aqueles que são receptivos ou, de fato, crentes: faz crentes aqueles que não são propositadamente descrentes (1Co 14:24-25; Rm 10:17), e alimenta espiritualmente aqueles que já creem. [JFU, 1871]
todos falarem línguas. Não necessariamente todos ao mesmo tempo, mas um após o outro, não deixando espaço para mais nada.
não instruídos (compare com 1Co 14:16) – ou seja, qualquer um que não compreenda este dom. [Dummelow, 1909]
não dirão que estais loucos? (compare com Os 9:7; Jo 10:20; At 2:13; 26:24).
Mas se todos profetizarem. Não há perigo de exagero com respeito a este dom. Cada um que profetizar, anuncia a verdade do evangelho e revela a mente de Deus, terá uma mensagem que será útil ao descrente. À medida que um após outro proferem as palavras da verdade divina, cada um deles envia algo que penetra a alma dele. Por todos eles ele é convencido em sua própria consciência de algum pecado. Os segredos de seu coração se manifestam e ele faz terríveis descobertas da sua culpa (Hb 4:12-13). [Ellicott, 1905]
por todos é convencido (compare com 1Co 2:15; Jo 1:47-49; 4:29; At 2:37; Hb 4:12-13).
os segredos de seu coração ficam manifestos. Ele vê seu íntimo aberto pela espada do Espírito (Hb 4:12; Tg 1:23), a palavra de Deus, na mão daquele que profetiza. Compare o mesmo efeito produzido em Nabucodonosor (Dn 2:30 e fim de Dn 2:47). Nenhum argumento é mais forte a favor da verdade do que a sua manifestação dos homens para si próprios. Por isso, muitas vezes os ouvintes pensam que o pregador dirigiu o seu sermão especialmente a eles.
e assim – finalmente convencido, julgado e manifestado a si mesmo. Compare o efeito produzido por Jesus sobre a mulher de Samaria ao “revelar seu caráter a si mesma” (Jo 4:19,29). [JFU, 1871]
lançando-se sobre seu rosto – ou seja, caindo de joelhos. Compare com Gn 44:14; Dt 9:18; Sl 72:11; Is 60:14; Lc 5:8; 8:28; Ap 5:8; Ap 19:4.
reconhecendo publicamente – para seus amigos em casa, como a mulher de Samaria fez.
Que farei, pois, irmãos? Qual é então a verdadeira regra a ser observada quanto ao uso dos dons? Compare com 1Co 14:15, onde ocorre a mesma o expressão no original grego.
cada um de vós tem…(compare com 1Co 14:6; 12:8-10).
salmo – inspirado pelo Espírito, como o de Maria, Zacarias, Simeão e Ana (Lc 1:46-55,67-97; 2:34-38). [JFU, 1871]
Tudo se faça para edificação (compare com 1Co 14:4-5,12,40; 12:7; Rm 14:19; 2Co 12:19; 13:10; Ef 4:12,16,29; 1Ts 5:11).
língua – algumas versões acrescentam “estranha” ou “desconhecida” como explicação, mas isto não está presente nos manuscritos antigos.
sejam dois, ou no máximo três [em cada reunião], um de cada vez, e haja quem interprete [as línguas].
esteja calado [o orador em línguas] na igreja.
falando [línguas] consigo mesmo e com Deus.
profetas (compare com 1Co 14:39; 12:10; 1Ts 5:19-21; 1Jo 4:1-3).
os outros julguem. Ou (1) os outros profetas, ou (2) toda a congregação. Se a primeira for a interpretação correta, se refere ao dom de discernimento de espíritos (1Co 12:10). Já a segunda interpretação pode ser defendida com base no fato de que Paulo constantemente (1Co 10:15; 11:13) apela ao julgamento de seus discípulos, e que ele considerava (1Co 12:1-3, compare com 1Jo 2:20,27) que todo o povo de Deus tinha a possibilidade de discernir o valor espiritual para si mesmo daquilo que ouviam na congregação. [Cambridge, 1896]
Dois profetas nunca devem falar juntos. A ordem deve ser a seguinte: se uma revelação tiver sido comunicada a outro profeta enquanto ele estiver ouvindo, o primeiro deve ficar calado e deixar o segundo falar. Paulo, portanto, não ordena que o segundo espere até que o primeiro termine; pelo contrário, ele atribui mais importância à nova manifestação de inspiração profética, do que à continuação da manifestação anterior.
sentado – pois os profetas falavam em pé (Lc 4:17). [Meyer, 1880]
revelada (compare com 1Co 14:6,26).
cale-se o primeiro (compare com Jó 32:11,15-20; 33:31-33; 1Ts 5:19-20).
os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas – logo, ninguém que tem uma profecia pode afirmar que é obrigado a falar, ou então, não pode parar de falar. [Dummelow, 1909]
Alguns entendem que Paulo não queria que as mulheres falassem em público de jeito nenhum, mas isso contraria a aparente liberdade que ele dá às mulheres para orarem e profetizarem (1Co 11:5). Uma abordagem mais coerente com o restante da carta e com o contexto que fala do julgamento de profetas, é o entendimento que Paulo não quer que as mulheres julguem os profetas, como se elas estivessem em posição de autoridade (compare 1Co 11:3,7-10; Ef 5:22-24; 1Tm 2:11-12; Tt 2:5; 1Pe 3:1).
a Lei – um termo aplicado a todo o Antigo Testamento; neste caso refere-se à Gn 3:16.
🔗 Para se aprofundar no assunto, recomendo o texto “Mulheres ensinando homens: qual é o limite?“, por Mary A. Kassian.
As mulheres poderiam dizer: “Mas se não entendermos alguma coisa, não poderemos fazer uma pergunta publicamente para “aprender”? Não, responde Paulo, se vocês quiserem detalhes, não perguntem em público, mas “em casa”; não perguntem a outros homens, mas “a seus próprios maridos” .[JFU, 1871]
Nicodemus (2012) sugere que esta seja uma proibição às mulheres de questionarem ou ensinarem os profetas em público (1Co 14:29), como se estivessem em posição de autoridade, o que faz todo o sentido (compare com o comentário de 1Co 14:34).
perguntem a seus próprios maridos em casa (compare com Ef 5:25-27; 1Pe 3:7).
é impróprio (compare com 1Co 14:34; 11:6,14; Ef 5:12). Em algumas versões, “é vergonhoso”.
Em outras palavras, “Ou vocês pensam que a palavra de Deus se originou entre vocês? Acaso são os únicos aos quais ela foi entregue?” (NVT).
Por acaso a palavra de Deus saiu de vós? (compare com Is 2:3; Mq 4:1-2; Zc 14:8; Atos 13:1-3; 15:35-36; 16:9-10; 17:1,10,11,15; 18:1; 2Co 10:13-16; 1Ts 1:8).
Ou ela veio somente para vós? (compare com 1Co 4:7).
Compare com Os 4:17; Mt 7:6; 15:14; 1Tm 6:3-5; 2Tm 4:3-4; Ap 22:11-12. É possível que esse versículo seja uma advertência aos teimosos, indicando que seriam disciplinados por Paulo ou pela própria igreja (2Ts 3:14), porém a linguagem sugere que seriam julgados diretamente por Deus. [Genebra, 2009]
Porém se alguém ignora – intencionalmente; não desejando reconhecer estas ordenanças e minha autoridade apostólica em ordená-las.
que ignore – deixo-o à sua ignorância: será por seu próprio risco; Eu sinto um desperdício de palavras para falar mais alguma coisa para convencê-lo. Um argumento que provavelmente teria peso com os coríntios, que tanto admiravam o “conhecimento”.
Visão geral de 1 Coríntios
Na sua Primeira Epístola aos Coríntios, “Paulo mostra aos novos cristãos de Corinto que até os problemas mais complexos da nossa vida podem ser abordados através da lente do evangelho”. Tenha uma visão geral da carta através deste breve vídeo (8 minutos) produzido pelo BibleProject.
Leia também uma introdução à Primeira Epístola aos Coríntios.
Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles – agosto de 2020.